AH! É PARAÍBA

(Foto: Silas Batista/GloboEsporte.com)

O torcedor ,que costuma sair do estádio por volta dos 40 minutos do segundo tempo, está sujeito a perder o que o espetáculo reservou de melhor para os espectadores. Campinense e Náutico fizeram um primeiro tempo chocho , completamente sem graça. Se não fossem os dois chutes de fora da área dados pela artilharia raposeira, teríamos perdido de tudo.

Durante os primeiros 45 minutos, eu me pus a dialogar comigo mesmo. Defendi a tese de que no esporte bretão de hoje, a força física e os contatos ríspidos sobrepujaram um recurso vital do futebol bem jogado: o drible. É um tal de toca e sai, de passe errado, ligação direta, chutão na arquibancada, que nossos olhos ficam ansiosos por verem um lance que seja capaz de fazer-nos lembrar de alguns craques do passado.

Não quis nem ir muito longe no tempo. Que estrago fazia Felipe, que tinha um braço de "radiola" e jogou no Vasco, Flamengo e Fluminense. Tomar a bola dele era um sofrimento. Sávio, Denílson, Edmundo, Romário, Zinho, Edilson, Neto Surubim, Rocha e o saudoso Miltinho,  também vieram ocupar a minha memória durante o intervalo do jogo válido pela Copa do Nordeste.

O segundo tempo em nada lembrou o primeiro. Mesmo com o gramado estando ruim de correr água, as jogadas foram fluindo. E tudo começou a se definir com um drible. Levaram para cima do grandalhão grosso do Náutico e pimba: segundo amarelo e vermelho. Com um a mais , os donos da casa continuaram se enxerindo. 

Aí Renatinho, baixinho, habilidoso entra faltando dez minutos para acabar o jogo. Ele poderia ter pensado: "Pô, professor, sacanagem. Só agora me coloca?”. Mas não. Entrou descansado e mandou aquele chute que o cara só acerta um em cada 50 tentativas. E a bola, ainda por cima, veio pererecando. Muita emoção para tão pouco tempo. Gol aos 43 da etapa final e a torcida em estado de graça, responde aos visitantes: "Ah! é Paraíba"! Não é fácil ouvir em pleno Amigão que o seu estado não tem time para torcer.

Moral da história: nunca dê as costas ao campo de jogo, antes de ouvir o último apito. Você poderá carregar consigo para o resto da vida , a frustração de ter perdido o “grand finale”. E jamais deixe um driblador no banco de reservas. Precisamos deles. Se bobearem, o Campinense já mostrou que está pronto para incomodar os poderosos da região outra vez. Fique até o fim e confira.


Ficha Técnica:
Campinense - PB 2×0 Náutico-PE
Copa do Nordeste – 3ª rodada 1ª fase
Local: Estádio Amigão - Campina Grande-PB - 16h
Árbitro: Antonio Santos Nunes – PI
Assistentes: Francisco Nurisman M. Gaspar – PI e Rogério de Oliveira Braga – PI
Público: 7.018 pagantes
Renda: R$ 79.070,00.
Cartões amarelos:
Campinense: Léo Ceará, Ronaell, Rafael Jensen e Renatinho
Náutico: Rodrigo Souza
Cartão Vermelho:
Náutico: Rodrigo Souza
Gols:
Campinense: Renatinho (43′ do 2ºT), Léo Ceará ( 48′ do 2ºT)
Campinense
Glédson; Fabinho (Felipe Ramon), Joécio, Rafael Jensen e Ronaell; Negretti, Magno, Fernando Pires e Jussimar (Renatinho); Leo Ceará e Tiago Orobó (Maranhão). Técnico: Sergio China.
Náutico
Tiago Cardoso; Joazi, Tiago Alves, Éwerton Páscoa e Giovanni; João Ananias, Rodrigo Souza, Maylson (Jeferson Renan) e Marco Antônio (Adalberto); Jefferson Nem (Alisson) e Erick. Técnico: Dado Cavalcanti.

Comentários