ROUBADO É MAIS GOSTOSO?


Foto: Espn

Grandes pensadores ou filósofos da antiguidade e do mundo contemporâneo foram eternizados pelas palavras proferidas em frases de efeito. No futebol, as personalidades mais fortes se destacam em meio à uma enxurrada de mesmices e discursos repletos de clichês. Em 2014, o então goleiro do Flamengo, Felipe, após tornar-se campeão carioca depois de dois empates em 1x1 , contra o Vasco, disparou o seu pensamento repleto de ironia, sarcasmo e deboche: “roubado é mais gostoso”.

Confesso que nunca tinha ouvido uma declaração assim, nem de atletas considerados fanfarrões, do tipo: Romário, Túlio, Renato Gaúcho, Dadá Maravilha, Edmundo, Viola, Chilavert, Neto e Marcelinho Carioca. Certamente, o que o goleiro do Flamengo falou, aumentou em progressão geométrica a indignação e a revolta dos torcedores do Vasco. A injustiça do erro de arbitragem é algo que não tem mais espaço no futebol moderno. Quantos títulos importantes e eliminações não foram decididos por falha humana, incompetência ou mesmo por esquemas nefastos?

Seis anos se passaram, e lá estava novamente o arqueiro em um duelo decisivo. Já em reta final de uma carreira controversa, enfrentando o Bahia, velho rival dos tempos de Vitória, onde tudo começou. Defendendo as cores do Botafogo da Paraíba, Luiz Felipe Ventura dos Santos, não conseguiu permanecer lacônico diante dos lances capitais que eliminaram o seu time e acabou expulso por reclamação. Não economizou nos impropérios. Será que ele lembrou-se daquele jogo no Maracanã? O título, a volta olímpica... E a consciência, pesa, mais do que a taça?

Se na última rodada do Campeonato Paraibano, o Belo for eliminado, qual será a reação dos botafoguenses? Reclamar da falta de tempo entre uma partida e outra? Do excesso de empates? Ou a culpa é de Evaristo Pizza? Pode ser falta de motivação, de quem já é tricampeão e só queria mesmo era uma vaga na Série B do Brasileirão. Só esperamos que não haja erros involuntários ou premeditados que decidam o futuro de um campeonato atípico, num momento crítico de comoção global. Sem representar riscos para a saúde alheia, o futebol anestesia temporariamente a preocupação e nos faz sonhar com um novo horizonte. Em meio a um novo normal, sejamos pessoas melhores e que admitem que gostoso mesmo é ganhar na bola.

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