PARA QUE SERVEM OS ESTADUAIS?


Pré-temporada de luxo para os pequenos, médios e grandes que jogam uma das quatro divisões do Campeonato Brasileiro. É assim que eu vejo. Se um gigante do futebol nacional é campeão, não tem muita graça, os caras nem querem comemorar, dar volta olímpica. É obrigação. Se perder, menosprezam a competição, desdenham, botam defeito e até chamam no diminutivo como fez o Palmeiras ano passado.

Aí vem o Flamengo, ganha na marra  do Bangu, faz um estardalhaço pirotécnico com Arrascaeta e Gabigol, para quê?  Empatar com o Resende. Ah, mas estão desentrosados ainda... Futebol nutella X futebol raiz. Do outro lado é todo mundo mordendo, dando o máximo de si, querendo aparecer e conseguir vaga em um time melhor. Para isso também serve o estadual.

Na Paraíba vale muito. Participação nas copas do Nordeste e do Brasil. Dinheiro,  meu velho!  Três meses de existência para a maioria e o resto do ano de espera para mais do mesmo. Falando nisso, até que estou curioso para ver o Grêmio Serrano na Série D. Ele que aproveitou a mesa de sinuca descaída que foi a escolha dos grupos e regulamento de 2018 e com uma ninharia de pontos, herdou a vaga.

O mesmo acontece em 2019, com uma briga de foice na chave de Treze e Botafogo. Já no grupo de  Campinense e Atlético,  vai dar para viver sem tantos aperreios. Teria sido mais interessante, na primeira fase jogos contra times do outro grupo e no segundo momento, as equipes se enfrentariam dentro da própria chave. Assim jogariam todos contra todos.

Mas isso é o de menos. O importante agora é colocar ordem no programa Gol de Placa. Por isso é que tinha tanto time se matando na segundinha, doido para entrar na jogada das notas fiscais gasolinadas. Engraçado que as denúncias só repercutem e só são levadas a sério quando saem na imprensa em nível nacional.

Mas de todo jeito, acredito que os certames de cada estado ainda representam a essência do nosso futebol e não podem morrer. Só de ver aqueles treinadores orgulhosos nas cadeiras simples, em estádios acanhados, como vi Mano Meneses semana passada já vale a pena. Ele ainda "pegou ar" e nem quis dar entrevista para a TV,  como forma de protesto contra o mandante que ficou com o banco de reservas mais confortável.

Melhor ainda é quando esse poderio é vencido por um jogador de nome-apelido bizarro, como Mosquito ou Chaveirinho. O futebol precisa do fator surpresa para vencer a monotonia. Vendo a boa vitória do Vasco contra o Corinthians, percebi na transmissão a vontade dos responsáveis por  ela em ver o "Timão" sair vencedor. Há um grande desejo disfarçado oculto (nem tanto assim) de fazer com que times paulistas vençam a Copa São Paulo.

E é isso que também ocorre nos estaduais. A briga é só para ver quem tem mais títulos. Vinte, trinta, quarenta ou cinquenta? Segundo Juninho Pernambucano, os colegas dele, na época de comentarista, não queriam nem que informações fossem buscadas sobre os times pequenos do Rio. Meros coadjuvantes. É o minúsculo krill sendo engolido pela gigante baleia orca. Aliás,  ela na verdade é um golfinho. Estadual mesmo só presta com surpresas. O microscópico vencendo o cetáceo. Para isso também serve o estadual. Bora trocar as notas, levar as almofadas, comprar garrafinha, amendoim e pipoca karintó?


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