Por
Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O jornalismo baseado em fofocas ou boatos é uma
forma de "terrorismo", e veículos de mídia que estereotipam
populações inteiras ou que fomentam o medo dos imigrantes estão agindo
destrutivamente, disse o papa Francisco nesta quinta-feira.
O papa Francisco, que fez seus comentários ao se dirigir a
líderes do sindicato nacional de jornalistas da Itália, disse que os
jornalistas têm que se superar na busca da verdade, particularmente em uma era
de noticiário 24 horas por dia.
Espalhar rumores é um exemplo de "terrorismo, de como
você pode matar uma pessoa com a língua", disse. "Isso é ainda mais
verdadeiro para jornalistas, porque eles podem alcançar a todos, e essa é uma
arma muito poderosa".
Na Itália, muitos jornais são altamente politizados e usados
com frequência para desacreditar os que têm opiniões políticas diferentes, às
vezes noticiando boatos sem fundamentos sobre a vida pessoal de tais
indivíduos.
Em 2009, vários veículos de mídia da família do então
primeiro-ministro Silvio Berlusconi foram fortemente criticados pelo sindicato
de jornalistas por causa de matérias que questionavam a confiabilidade de um
magistrado que emitiu um veredicto desfavorável a uma empresa de propriedade
dos Berlusconi.
Francisco, que defendeu em muitas ocasiões os direitos de
refugiados e imigrantes, disse que o jornalismo não deveria ser usado como uma
"arma de destruição contra pessoas e até povos inteiros".
"Nem deveria fomentar o medo perante eventos como a
imigração forçada devido à guerra ou à fome", acrescentou.
No ano passado, o jornal de direita Libero deu uma manchete
sobre os ataques em Paris que mataram cerca de 130 pessoas falando nos
"bastardos islâmicos".
Outro diário de direita, o Il Giornale, publicou no ano
passado uma reportagem sobre a situação caótica na Líbia e o risco de que
militantes pudessem entrar na Itália com o seguinte título: "O Estado
Islâmico está chegando. Vamos nos armar".
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