MUITA EMOÇÃO E POUCA TÉCNICA: Após outro 0x0, decisão fica para o dia 24


  

Antigamente e, não foi há tanto tempo assim, Treze e Campinense faziam por onde merecer o título de maiorais. Mas depois de dois empates sem gols, da forma como aconteceu e olhando o histórico recente de confrontos entre ambos, é preciso que façamos uma reflexão. Em pouco mais de 90 minutos, praticamente não vi nenhuma jogada digna de um jogo tão badalado e já consagrado pela imprensa local, como o maior clássico do interior do Brasil. Tem quem diga que está entre os dez maiores do país. Não se sabe qual a fonte da pesquisa. Pode ser a mesma que já colocou em nosso subconsciente que o gramado do Amigão é o segundo melhor dentre os estádios brasileiros, só perdendo para o Maracanã. Já ouvi torcedores dizerem que Galo e Raposa têm torcida de Série A. Porém, o público de aproximadamente oito mil pagantes nesse domingo (10), está bom até demais, para a realidade atual dos nossos times.

O torcedor de Campina Grande gosta de resultado. "Se o time vai bem, eu compareço, se está matando de vergonha, vou pegar esse dinheiro do ingresso e inteirar no galeto assado do domingo". É grande o sofrimento dos jogadores de Galo e Raposa na tentativa de conseguir limpar as vistas calejadas dos espectadores, com lances bem trabalhados e ensaiados. Roger Gaúcho e Doda, os mais habilidosos em campo, foram cassados pelos marcadores impiedosos e que têm repulsa a qualquer atitude que leve ao drible, ao passe certo, ao futebol bem jogado. É triste ver a torcida do Treze, vibrar quando um jogador seu dá um balão para as arquibancadas, no momento em que consegue anular parcialmente o adversário. É igualmente frustrante saber que muito provavelmente, um dos dois ficará pela Praça do Meio do Mundo, dando adeus ao sonho de mais uma vez tentar a sorte na Série D, no ano em que finalmente uma vaga caiu como migalha da mesa da CBF.

Enquanto as torcidas organizadas, que não entram mais uniformizadas, mas permanecem comparecendo em dias de jogo, se provocam, trocam ameaças e cânticos nada amistosos, a bola sofre nas quatro linhas que já presenciaram nomes como Pedrinho Cangula, Dão, Zé Preto, Assis Paraíba, Beto, Adelino (velho e o novo), Gilmar Lopes, Gabriel Cabelo de Fogo, Rinaldo Fernandes, Neto Surubim, Rocha, Marcelinho Paraíba, Rodrigo Tabata, Marcos Pitombinha, Henágio, Roberto Michelle, Hermes, Marquinhos Marabá, Miruca, Araponga, Chicletes, Fábio Júnior, Capitão, Rincón, Neto Maradona, Valério, Douglas Neves, Yedo e tantos outros, que jogavam sem fazer força e balançavam as redes com mais frequência e menos dificuldade. O que dizer de uma peleja entre Galo e Raposa em que os maiores momentos de emoção aconteceram na perda de um pênalti e em duas expulsões?

Em meio a uma maratona de jogos, cotas e possibilidade de mais remessas, de acordo com futuras classificações, o Campinense segue num patamar momentâneo superior ao do Treze, que joga pela sobrevivência em 2016. O segundo semestre costuma castigar quem se distraiu no Paraibano, com uma ilusão efêmera . Sendo assim, por mais que Copa do Brasil e Copa do Nordeste sejam rentáveis e agradáveis à vista, a Série D é o degrau que pode trazer de volta a dignidade aos eternos maiorais da serra, mesmo que aparentemente o certame seja o patinho desprovido de beleza do Campeonato Brasileiro. É bom não se enganar, porque ostentar o status de "sem série" não é a melhor escolha para quem quer readquirir o respeito e o espaço entre os tradicionais times nordestinos. Quanto ao sepultamento do futebol-arte, acredito que a Paraíba não poderia ser uma exceção à regra, que infelizmente é a tônica em um momento de decadência, com a maior escassez de craques da história do Brasil, que segue imerso em um caos de corrupção, gerando desconfiança e descrédito por parte do verdadeiro torcedor.




Ficha técnica: Treze 0x0 Campinense

Campeonato Paraibano 2016 – segunda fase (jogo de ida)

Estádio Governador Ernani Sátyro –  Amigão , domingo (10 de abril)



Arbitragem: Renan Roberto; Tomaz Diniz e Sousa Júnior

Cartões amarelos: Peter, Izaías (TFC); Leandro Sobral, Jussimar (CC)

Cartões vermelhos: Rafael Jensen (TFC); Jussimar (CC)
Renda: R$ 89.680,00
Público pagante: 7.936


Campinense
Glédson, Negretti, Joécio, Tiago Sala e Danilo; Magno, Leandro Sobral (Fernando Pires), Jussimar, Danilo (Reginaldo Júnior)e Roger Gaúcho; Rodrigão e Raul (Chapinha). Técnico: Francisco Diá.

Treze

Saulo, Peter (Toninho), Rafael Jensen, Alisson e Altemar; Izaías, Mael, Patrick e Doda; Thiago Furlan (Indio) e Brasão (Diego Neves). Técnico: Marcelo Vilar.






 


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