Antigamente e, não foi há tanto
tempo assim, Treze e Campinense faziam por onde merecer o título de maiorais.
Mas depois de dois empates sem gols, da forma como aconteceu e olhando o
histórico recente de confrontos entre ambos, é preciso que façamos uma
reflexão. Em pouco mais de 90 minutos, praticamente não vi nenhuma jogada digna
de um jogo tão badalado e já consagrado pela imprensa local, como o maior
clássico do interior do Brasil. Tem quem diga que está entre os dez maiores do
país. Não se sabe qual a fonte da pesquisa. Pode ser a mesma que já colocou em
nosso subconsciente que o gramado do Amigão é o segundo melhor dentre os
estádios brasileiros, só perdendo para o Maracanã. Já ouvi torcedores dizerem
que Galo e Raposa têm torcida de Série A. Porém, o público de aproximadamente oito mil pagantes nesse domingo (10), está bom até demais, para a realidade
atual dos nossos times.
O torcedor de Campina Grande gosta
de resultado. "Se o time vai bem, eu compareço, se está matando de
vergonha, vou pegar esse dinheiro do ingresso e inteirar no galeto assado do domingo".
É grande o sofrimento dos jogadores de Galo e Raposa na tentativa de
conseguir limpar as vistas calejadas dos espectadores, com lances bem
trabalhados e ensaiados. Roger Gaúcho e Doda, os mais habilidosos em campo, foram cassados
pelos marcadores impiedosos e que têm repulsa a qualquer atitude que leve ao drible,
ao passe certo, ao futebol bem jogado. É triste ver a torcida do Treze,
vibrar quando um jogador seu dá um balão para as arquibancadas, no momento em
que consegue anular parcialmente o adversário. É igualmente frustrante saber
que muito provavelmente, um dos dois ficará pela Praça do Meio do Mundo, dando
adeus ao sonho de mais uma vez tentar a sorte na Série D, no ano em que
finalmente uma vaga caiu como migalha da mesa da CBF.
Enquanto as torcidas organizadas,
que não entram mais uniformizadas, mas permanecem comparecendo em dias de jogo,
se provocam, trocam ameaças e cânticos nada amistosos, a bola sofre nas quatro
linhas que já presenciaram nomes como Pedrinho Cangula, Dão, Zé Preto, Assis
Paraíba, Beto, Adelino (velho e o novo), Gilmar Lopes, Gabriel Cabelo de Fogo,
Rinaldo Fernandes, Neto Surubim, Rocha, Marcelinho Paraíba, Rodrigo Tabata,
Marcos Pitombinha, Henágio, Roberto Michelle, Hermes, Marquinhos Marabá,
Miruca, Araponga, Chicletes, Fábio Júnior, Capitão, Rincón, Neto Maradona, Valério,
Douglas Neves, Yedo e tantos outros, que jogavam sem fazer força e balançavam as redes com mais frequência e menos dificuldade. O que dizer de uma peleja entre Galo e Raposa em que os maiores momentos de emoção aconteceram na perda de um pênalti e em duas expulsões?
Em meio a uma maratona de jogos,
cotas e possibilidade de mais remessas, de acordo com futuras classificações, o
Campinense segue num patamar momentâneo superior ao do Treze, que joga pela
sobrevivência em 2016. O segundo semestre costuma castigar quem se distraiu no
Paraibano, com uma ilusão efêmera . Sendo assim, por mais que Copa do Brasil e
Copa do Nordeste sejam rentáveis e agradáveis à vista, a Série D é o degrau que
pode trazer de volta a dignidade aos eternos maiorais da serra, mesmo que
aparentemente o certame seja o patinho desprovido de beleza do Campeonato Brasileiro. É
bom não se enganar, porque ostentar o status de "sem série" não é a
melhor escolha para quem quer readquirir o respeito e o espaço entre os
tradicionais times nordestinos. Quanto ao sepultamento do futebol-arte,
acredito que a Paraíba não poderia ser uma exceção à regra, que infelizmente é
a tônica em um momento de decadência, com a maior escassez de craques da história do Brasil, que segue imerso em um caos de corrupção, gerando desconfiança e
descrédito por parte do verdadeiro torcedor.
Ficha técnica: Treze 0x0 Campinense
Campeonato
Paraibano 2016 – segunda fase (jogo de ida)
Estádio Governador Ernani Sátyro – Amigão , domingo (10 de abril)
Arbitragem: Renan Roberto; Tomaz Diniz e Sousa
Júnior
Cartões amarelos: Peter, Izaías (TFC); Leandro
Sobral, Jussimar (CC)
Cartões vermelhos: Rafael Jensen (TFC); Jussimar
(CC)
Renda: R$ 89.680,00
Público pagante: 7.936
Campinense
Glédson, Negretti, Joécio, Tiago Sala e Danilo; Magno, Leandro Sobral (Fernando Pires), Jussimar, Danilo (Reginaldo Júnior)e Roger Gaúcho; Rodrigão e Raul (Chapinha). Técnico: Francisco Diá.
Treze
Saulo, Peter (Toninho), Rafael Jensen, Alisson e Altemar; Izaías, Mael,
Patrick e Doda; Thiago Furlan (Indio) e Brasão (Diego Neves). Técnico: Marcelo
Vilar.
basilio-neto@hotmail.com
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