POBRES CAMPOS DE PELADA

Final de tarde era sempre a mesma coisa. Meninos, adolescentes, jovens e até desempregados, se encontravam para jogar futebol. Nada mais interessava. Ver o sol se por na várzea, é uma das sensações mais inesquecíveis que se pode ter. A lembrança atravessa décadas e como se fosse na tela do Canal 100, ou do Gol - O grande momento do futebol, somos capazes de nos lembrar de lances acontecidos ainda em preto e branco.


Mas, como tudo muda e não há clemência ao obsoleto, a balada número sete ganha traços de Ballade pour Adeline. Muitas canchas foram devastadas pela civilização e o concreto serve como mausoléu. Aqueles poucos que ainda restam, não conseguiram seduzir como as cores dos jogos eletrônicos e chats chatos, que tomam todo o tempo do adorável crepúsculo vespertino.

O cansaço, proveniente de dribles e tentativas de jogadas, faz com que o sono seja invadido por quimeras de novas oportunidades, em que daquela vez, sim, o adversário seria batido. Mesmo que nunca houvesse outra chance, a missão do esporte era alcançada e os pensamentos fúteis que levam a atitudes inúteis não encontravam espaço naquele caráter em formação.


Voltem aos campos de pelada! Desafiem os seus colegas e amigos para uma "barrinha de testa", vejam o por do sol , as aves no firmamento. Futebol é isto. Alegria, caráter e ocupação do tempo. Mesmo que não surjam novos Neymar, isto se tornará em um hábito tão saudável que vai tirar a visão de você, jovem, daquilo que derrubou o nosso grande ídolo do passado e nos faz saudosistas ao ouvir a voz de Moacir Franco.


(Balada número sete, Moacir Franco)

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