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Roberto Dinamite já estava praticamente acabado para o futebol, em fim de carreira aos 37 anos de idade, quando ajeitou a bola, colocou a mão na cintura e olhou nos olhos do goleiro Neto, do Nacional de Cabedelo. Quem sabe se naqueles poucos segundos ,antes da corrida em direção à bola, um filme não tenha passado naquela cabeça repleta de fios grisalhos? Ao lado de Pelé e Rogério Ceni, ele conseguiu a proeza de ostentar mais de mil jogos com a camisa de um único time: no seu caso, o Vasco da Gama. Passou três meses no poderoso Barcelona, mas teve de regressar. Como todo filho rebelde, saiu de casa de novo e foi parar no Canindé. Disputou o Brasileiro de 1989 pela Portuguesa e deixou de ser campeão nacional pelo Gigante da Colina. Regressou, como filho pródigo no ano seguinte, para a disputa da Libertadores.
Ah, a década de 1990. Só quem viveu sua plenitude, lembra dos seus excessos, bizarrices, inocências, excentricidades, passatempos únicos e originais à época e totalmente incompreensíveis para a geração dos Enzo 2000. Os meios de comunicação dominantes, feito muralhas intransponíveis, pautavam o cotidiano das pessoas. Se saiu no Jornal Nacional, já era! Hoje em dia, se está na internet, é verdade. Será? Os campeonatos estaduais eram o mesmo que estar numa Copa do Mundo. Aquele Fla x Flu de 1995, o Palmeiras x Corinthians de 1993, bem como o traumático e inesquecível Treze x Auto Esporte de 1992...
Para reforçar a importância dos estaduais, basta lembrar que tinha até Torneio Início. Escolhida uma cidade sede, todas as equipes presentes, ninguém fazia bico, cara feia, nem reclamava o direito de imagem. Dez ou quinze minutos cada tempo e critério de desempate - maior número de escanteios a favor. Vinte anos atrás, era uma das atrações mais esperadas pelos amantes do futebol. Festa no estádio e no pé do rádio. Bastava fechar os olhos e viver todas as emoções.
Dois mil e vinte e um chegou. Estamos tentando sair do caos mundial imposto pela pandemia do coronavírus. Com o início da vacinação, já podemos sonhar com dias melhores. O futebol até que seguiu, após uma pausa inicial. Com muitas dificuldades, limitações e perdas irreparáveis. O Campeonato Paraibano vai acontecer entre os dias 17 de março e 26 de maio. Para ser feliz! Melhor do que nada. Será quase como reviver as emoções do velho Torneio Início. Pequenino, mas resolve.
Em um ano que continua atípico, dentro das quatro linhas, não me surpreenderia com mais nada. Vejam o caso do Treze, que em 2018, foi vice-campeão brasileiro da Série D, em 2019 quase foi rebaixado no estadual e no ano seguinte, saiu da fila de títulos, mas retornou para a quarta divisão nacional.No Brasileirão 20/21, quatro ou cinco times não se decidem se querem ou não ganhar o certame. Messi sendo expulso, pelo Barça, Santos x Palmeiras na final da Libertadores. Marinho rumo à Bola de Ouro...
Apesar dos altos e baixos , das incertezas e inconstâncias, o momento para se alcançar o estrelato futebolístico é este. Basta acreditar e se preparar. Assim como o goleiro Neto do conhecido saco de pancadas do futebol paraibano, Nacional de Cabedelo. Foi lá e na "cara de pau", defendeu o pênalti de Roberto Dinamite. Não fez mais nada de tão importante, posteriormente, em sua carreira. Nem precisava. "Aqui, não Roberto. Eu tô aqui".
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