Quando chega essa época do ano, o fenômeno
da abstinência se repete. Acabaram todas as séries do Brasileirão e o jeito é
ocupar o tempo com as da Netflix. Para quem gosta, domingo à tarde, sem
futebol, é um troço chato de se encarar. Não há substitutos à altura. Eu,
particularmente, não vejo graça naquelas partidas com amigos de fulano contra
amigos de beltrano. A não ser por causa do caráter social, quando o jogo é
beneficente, tudo bem, mas não dá para comparar com a velha disputa valendo
três pontos. O calendário apertado do futebol brasileiro faz com que o final se
encontre com o início da temporada. Quem entrou de férias antes, volta aos
trabalhos mais cedo, para se concentrar na estreia do estadual. É quando surgem
os amistosos preparatórios.
Não se pode ganhar cancha,
entrosamento, ritmo de jogo, apenas com treinos. É preciso testar a garotada e
os veteranos, que vão tentar dar o melhor de si para agradar ao professor que
estará atento a cada lance. É o momento adequado para se deixar uma boa
impressão. Aprimorar a parte física e já ensaiar possíveis, prováveis e futuras
parcerias dentro de campo. Identificar as afinidades, ver o companheiro e pelo
olhar saber o que se quer. Pensando assim, Treze e Campinense fizeram suas
primeiras aparições, com seus novos contratados, neste final de semana. O Galo venceu com facilidade. Já
a Raposa, perdeu por um a zero em Lagoa Seca, para o glorioso Náutico do
Retiro.
Aquela falácia de que o que
vale é a movimentação e o placar pouco importa, não me convence. O argumento
contradiz a afirmação. Uma boa disposição no gramado, será convertida em
finalizações. Lógico que tem a questão das dificuldades envolvidas no processo.
Geralmente, do outro lado tem jogadores amadores e peladeiros que dão a vida
por um momento de fama. Atuam como se fosse final de Copa do Mundo. Existe
também, nos profissionais, o medo de se machucar e a gana nunca será igual a de
um compromisso oficial. Porém, quem joga, normalmente não gosta de perder. E
ainda mais contra adversários inexpressivos. Acredito que o resultado é
irrelevante quando se vence, mas quando a derrota surge, é necessário perceber
que existe um forte sinal de alerta sendo ligado, mostrando uma possível fragilidade,
que pode ser o prenúncio de que o elenco não é tão competitivo como se supunha.
Não sei se foi o caso do Rubro-Negro, mas a verdade é que o autor do gol, em Lagoa Seca, Bruno Renan, poderá
contar para os filhos e netos a sua façanha. Só o tempo poderá dizer se o jogo
realizado no sofrido tapete do estádio Titão serviu para alguma coisa. Os atletas
mais conhecidos da torcida para 2020 são o bom Rafael Ibiapino, o sempre
contestado e amado goleiro Pantera, além de Fábio Júnior, que estava parado há
sete anos. Provavelmente, como sempre acontece, esse time que vemos agora,
tanto no Treze quanto no Campinense, não será o mesmo do campeonato brasileiro.
Geralmente á assim.
Para fecharmos o ano e iniciarmos a
temporada que se avizinha, teremos mais um clássico no Amigão. Ano
passado, foi um a zero para o Galo. Contudo, no Paraibano, o time da Bela Vista foi
vice-campeão e o rival quase foi rebaixado. Mais um motivo para não dar tanto crédito a
jogo festivo. O Alvinegro teve que se reformular no segundo semestre para
permanecer na Série C. Sendo assim, continuo sem ser muito fã de amistoso, mas
confesso que ele é um mal necessário. Aliás, por falar nisso, você lembra de
algum jogo treino em especial que marcou a sua vida? Aquele golaço numa partida
que não valia nada? Sinceramente, não sei, mas como advertia Don Corleone:
Mantenha os amigos por perto e os inimigos mais perto ainda. Adversários sim,
inimigos jamais! Pena que o jogo será numa terça à noite, mas mesmo assim está valendo.
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