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Treinador, acima de tudo, é um líder e liderança não se impõe, se conquista. Seja através de mérito próprio,
currículo, carisma, capacidade de motivar o grupo, empatia, ou outras
atribuições. Mas, sempre vai existir o insubordinado. Aquele
"rebelde", que monta as suas trincheiras silenciosas e tenta
enfraquecer o comandante, porque ele precisa atacar o que ameaça a sua condição
estabelecida, sua posição de destaque. Muitos técnicos quando iniciam um
trabalho, adotam a estratégia de contra-atacar o inimigo em potencial. Banco de
reservas. Nada pior para o jogador "dono do time", do que ficar vendo
a partida no conforto daquelas cadeiras, hoje acolchoadas e ergonômicas.
Antigamente, até formigueiro tinha. Mas no legado pós-Copa a coisa evoluiu.
Porém, quando o resultado não vem, as forças do comando vão se esvaindo e o
desgaste é evidente.
Paulo Henrique Ganso apareceu no futebol
brasileiro naquele Santos de Neymar. Parecia que ia vingar, só que deu ruim.
Voltou da Europa, onde não mostrou um bom desempenho e veio para o Fluminense.
Destino já conhecido dos jogadores em fim de carreira - o êxodo ao contrário.
Só que o menino PH não perde aquela canxa, com xis mesmo. Sabe aquele jogador
rebolador, que joga com o punho pra trás, a bunda empinada, dá caneta, chapéu,
faz uns lançamentozinhos e só? Some na hora difícil e reclama de tudo. Bateu
boca com Oswaldo de Oliveira, protagonizou uma cena lamentável e vexatória, ao
ser substituído no jogo contra o Santos pelo Brasileirão. Acredito que ambos
estejam em igual nível de decadência no esporte. Sobrou para o treinador que
perdeu a razão ao fazer gesto obsceno para a torcida. Esta é uma pequena
amostra do futebol brasileiro. Falta planejamento e sobra descontrole
emocional. Até hoje sustento que o 7x1 em 2014 foi motivado por isso.
Desespero, destempero, falta de frieza. Mire o exemplo do Vasco. Vanderley Luxemburgo
encontrou no clube um parceiro na tentativa de voltar ao passado de glórias e
esquecer a pequenez recente, diante de sucessivos rebaixamentos.
No Cruzeiro, Thiago Neves e Dedé ajudaram
a derrubar Rogério Ceni, que parece só dar certo no Fortaleza. Lá ele está em
casa, porque conseguiu o feito de subir com o time para a primeira divisão,
depois de longos anos na Série C. O objetivo no Leão é só permanecer. Ficar à frente
de quatro times. A cobrança na Raposa, bem como foi no São Paulo, é muito maior
e todo mundo sabe que ele, como treinador, ainda é muito verde para assumir
essas responsabilidades. Quem já está maduro até demais, de acordo com Renato
Gaúcho, técnico do Grêmio, é o rival Jorge Jesus, do Flamengo. Portaluppi não
cansa de passar vergonha e ainda pensa como jogador. Aqueles marrentos e
provocadores. Acha que pode desestabilizar o outro lado com suas teorias de
falastrão. É bom lembrar de CR7 no Mundial de Clubes contra o Imortal. O fato é que não se pode
colocar a culpa do fracasso nos comandantes e nem mesmo brindá-los com todas as
honrarias pelas conquistas. Embora eu ache que existem times que de tão bons,
jogariam sozinhos, sem ninguém à beira do gramado, mas há técnicos que levam
nos peitos e nas costas as suas equipes.
É o caso de Celso Teixeira, com o Treze na
Série C desse ano. Deu uma grande parcela de contribuição e pode ser
considerado o salvador da pátria. Tem o respeito do elenco, um jeito todo
dedicado e apaixonado de lutar pelas suas cores. Isso cativa e desperta no
atleta a vontade de oferecer tudo o que ele pode e um algo a mais. No
Campinense, Oliveira Canindé que foi emprestado, quando voltar, irá começar um
trabalho de nostalgia. Precisa se desprender do título da Copa do Nordeste e
reescrever uma nova história no Rubro-Negro. É a primeira vez que ouço falar em
empréstimo de treinador de futebol. Eles já estão recebendo até cartão amarelo,
então, tudo certo. No Botafogo, Evaristo Piza ficou e ganhou uma nova chance à
frente do Belo. Deve ser legal, ter essa segunda oportunidade, assim como Tite
teve na Seleção. Pode curar uma frustração para o resto da vida, em caso de
redenção.
De acordo com o site globoesporte.com, o
tempo médio de permanência dos treinadores da elite em seus times no Brasil, é
de 6.1 meses. Na Europa, esse tempo chega a 12,5 meses. O lado bom é que, apesar
da instabilidade, a rotatividade é grande. Conforme a capacidade de reinserção
no mercado e com o aproveitamento das multas rescisórias, quando existem, é
possível se fazer um planejamento financeiro para não passar por maus bocados.
Mas em se tratando do futebol paraibano e demais estados com menor porte e
visibilidade, ainda há muito amadorismo e são cada vez mais descartáveis os
treinadores. O que puder ser feito pela categoria será bem vindo,
mas o fator resultado em curto prazo ainda é o maior inimigo dos professores.
Eles seguem levando nos lombos o peso das derrotas e saboreando parte das
glórias advindas dos sucessos efêmeros. Entregue o Grêmio a Celso e tragam
Renato para o Treze, para tirarmos nossas conclusões.
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