Tem gente que para tentar minimizar os efeitos danosos da palavra,
confessa que está com inveja, mas que ela é branca. Deve ser aquela vontade de
ter ou ser igual a outrem, sem que haja nenhum prejuízo para a pessoa que
involuntariamente provocou no invejoso a cobiça. No esporte, também tem muito
disso. Independente da cor do sentimento, a vontade de vencer e ser o melhor
obriga a superar os adversários, jogando limpo ou sujo.
O bairrismo de Campina Grande é conhecido internacionalmente. No
quesito futebol, tudo se agrava em progressão geométrica. Quando algum
torcedor do Botafogo de João Pessoa é visto a andar tranquilamente pelas ruas
ou shoppings de Campina, sem ser em dia de jogo, provoca olhares meio
desconfiados e curiosos nos trezeanos e raposeiros. Aquele moído que Galvão
Bueno inventou de que o Botafogo é a Paraíba na Copa do Nordeste parece que está meio fora
de cogitação. Há exceções, claro. Elas sempre existem, felizmente.
Ano passado muita gente "secou" o Belo e não queria
vê-lo jamais e de forma alguma na Série B do Campeonato Brasileiro. Soltaram
até fogos quando nos pênaltis o time de Ribeirão Preto levou a melhor. Tem até
quem comemore os dezoito anos dos 10x0 que o time paraibano tomou do São Paulo
no Morumbi e esquece de 1980, quando o Flamengo de Zico foi surpreendido no
Maracanã pelo Botinha. A rivalidade é grande. A turma da oposição insiste em dizer que a
suposta máfia do apito ainda beneficia o time da capital, mesmo com os
desdobramentos da Operação Cartola. Cada um acredita no que quer. É um direito que lhe assiste.
O que vejo em 2019, é um Botafogo maduro e pronto para grandes
conquistas. Calejado por decepções e insucessos recentes, sem contar os títulos do estadual, o elenco é forte e
não faz força para jogar bonito. Por isso, vai bem na Copa do Nordeste,
Copa do Brasil e no Campeonato Paraibano. Nadando de braçada. E só não
está invicto no ano porque subestimou a Perilima. A derrota não fez falta por
um lado, mas aquele status de não ter perdido para ninguém no ano, poderia dar
uma força a mais aos garotos de Piza.
No caso do Treze e Campinense, eles não precisam invejar ninguém.
Mas não custa nada olhar o exemplo de quem está se dando bem na vida.
Princípios básicos de administração e gestão, valorizar, fomentar as categorias
de base, dar condições para que um trabalho de longo prazo seja estabelecido,
é o que deveria ser feito por Galo e Raposa. Mas isso só se faz com dinheiro e
só se adquire recursos com resultados. Nossa realidade, enquanto estado pobre,
dificulta ainda mais o processo.
Seja branca ou preta, a inveja sempre existirá. Pode até
mesmo ser alvinegra. Ao que parece, 2019 está sendo mais um ano para muitos
correrem atrás dos meninos da Maravilha do Contorno. Isso está se tornando tão
natural quanto ver um tricolor, com a camisa da estrela vermelha,
discutindo futebol no calçadão da Cardoso Vieira. Sempre espere o
inesperado.
basilio-neto@hotmail.com
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