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Entrei numa discussão em um grupo de whatsapp por causa de Neymar. Tudo começou depois da derrota do Real Madrid para o Ajax, pela Champions League. Às vezes a pessoa fica calada, para não se estressar com bobagens, mas tem hora que não dá para fingir que não viu. Disseram, no já citado agrupamento, que Vinícius Júnior era melhor do que o menino Ney, que este era o rei do cai-cai, que só queria saber de festa, glamour, de ser celebridade, nunca jogou nada e era uma invenção da mídia. Eu estava até concordando, mas nessa parte, não deu. O cara é craque. Não tem como negar. Sua vida pessoal, seus desleixos e excessos só fazem com que ele mantenha um pequeno abismo entre os seus concorrentes a melhor do mundo e dão um amplo corredor para o garoto Mbappé, ameaçá-lo.
Estamos
falando do quarto maior artilheiro da Seleção Brasileira. Passou Romário já. Só
faltam Zico, Ronaldo e Pelé (será?). Foi protagonista na conquista do ouro olímpico e
tudo caminhava para um evidente estágio de progressão até que aconteceu a saída do
Barcelona. Nos seus últimos anos, na Espanha, ele estava "comendo a bola". Aquela virada
histórica contra o PSG, seu então futuro time, num 6x1 absurdo, foi uma amostra
de que o novo número um do mundo estava por vir. Naquela partida, Messi se escondeu na hora da
pressão. Baixou a cabeça e o brasileiro resolveu junto com Suarez. E o
ex-santista só tinha a ponta esquerda para jogar. Era até cobrador oficial de
escanteio. A pressão atual e, de sempre em cima dele, no Brasil, é porque não existem outros do seu
nível na Canarinha.
Em
outros momentos, tínhamos craques de ruma. Jogadores maduros na faixa dos 25
anos para cima. Agora, a gente precisa engolir um monte de Gabriel Jesus, verde
que nem goiaba no pé e perder Copa do Mundo para gato e cachorro, como se diz
no popular. As verbas bilionárias de marketing sempre vão escolher os seus alvos
e ídolos. Difícil é saber administrar a própria carreira e se manter motivado
como o "louco" do Cristiano Ronaldo. Após o vexame na Rússia,
quando esperávamos uma declaração convincente da nossa maior estrela, ele faz
um comercial para mostrar mais uma vez a sua ausência de comprometimento e
expressar a falta de sinceridade de quem num sorriso irônico sempre mostra
que não está nem aí para quase nada. Estamos
criando um monstro! Alertou René Simões. Não era para tanto, talvez. Pode ser
que sejamos um país de pessoas mimadas também. Que não sabem perder e
querem levantar o troféu em todos os mundiais, de quatro em quatro anos.
Finalizei o breve debate na rede social concordando com praticamente tudo o que falaram mal do
jogador do PSG, mas sem emojis ou figurinhas afirmei que esses defeitos não
anulam suas qualidades. Ele é craque e diferenciado. Mas poderia ser o melhor. Fico a imaginar
como será Neymar veterano. A gente percebe que está ficando
velho quando acompanha carreiras inteiras de jogadores. Foi assim com Edmundo,
Kaká, Ronaldinho Gaúcho e seus contemporâneos. Uns param ainda no auge. Outros definham física e
tecnicamente. Essa geração ostentação-lacração parece que não trará o Hexa.
Eles também não estão muito preocupados com isso. É só dar uma paradinha, ficar
zen, entrar no ritmo perfeito, recorrer à medicina, cair de boca no show
das poderosas sobreviver a um terremoto e no final gritar: vai malandra! Mas , que o menino merece estar entre os melhores, merece. O moleque é o cara.
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