A tensão é vista nos olhos de Ascânio. Preocupação mesmo, para que tudo corra dentro da normalidade. Na entrada do estacionamento da imprensa dá para perceber que a noite será diferente. Caras feias fazem a recepção de alerta para os prováveis penetras e impostores. Vagas guardadas no estacionamento, para não faltar para os cartolas. A poucos metros, dos ônibus dos times, são ouvidos xingamentos, incentivos e fogos de artifício.
JCC chega todo assustado para mais uma transmissão, que para ele parece ser a primeira. Jornalistas, radialistas, fotógrafos também fazem parte do espetáculo e, por isso, sentem-se orgulhosos. A nova geração se entusiasma e se divide entre o lado torcedor e o profissional imparcial, que no fundo nem existe. Cada um se comporta de uma forma, a deixar ou não suas preferências à mostra. Nervosismo e o frio na barriga se assemelham ao que os jogadores sentem. É. Está bem. Dê um desconto aí.
A torcida comparece em bom número, às vezes até se supera. A derrota eles já têm, o que vier é lucro. O passado inspira ou desencoraja. Mas, o momento é único e merece ser tratado de forma peculiar. Dá orgulho ver o duelo entre a camisa do coração e aquela mais pesada, tradicional, conhecida em todo o país. O Brasil vai estar de olho e uma vitória repercutirá positivamente para o anfitrião , mas soará como galhofa para o gigante apequenado. Pelo menos, dessa vez ninguém poderá por a culpa no gramado.
No intervalo, tem lanche especial para os imprensados. Afinal, a ocasião faz por onde merecer. Café, bolo, torrada, bolacha Maria e Cream Cracker. Papo em dia, integração, interação, descontração. Túnel inundado, coisa do passado, eu acho. Bombas tirando o excesso e até já tivemos de entrar pelo lado dos árbitros. Que labirinto, assustador! Imaginei certa feita, produzir um curta-metragem por lá. Seriam as vozes dos que já se foram e fizeram parte da história do Amigão, com o estádio fechado, de madrugada. Dava certo?
Fim de jogo. Pique para pegar as últimas entrevistas, com chuva o drama aumenta. Torcida quase sempre sai decepcionada, frustrada, mas, resignada. "Se aquela bola tivesse entrado? Tava 0x0. Se o juiz marcasse o impedimento. Amarrou o jogo demais. Tá bom. Eu sabia que não dava". Por outro lado, quem sabe se os deuses do futebol não se compadecem do mais necessitado? Vez por outra isso se torna real oficial. É Copa do Brasil, amigos. É Campinense e Botafogo. "O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso" (Ariano Suassuna). Veja o jogo ouvindo a rádio. Se é rede é Redepharma. Ascânio já aparece com um semblante sorridente. Missão cumprida!
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