Olhei para o Predador, me aprontei e depois de um alongamento rápido, no "migué", #PartiuCorridaDaRedepharma. A confiança já não estava tão em alta, apesar dos frequentes, mas indisciplinados, treinamentos. Em 2011 e 2012 enfrentei os 10 km da Corrida do Fogo, porém a versão 2017 não ousaria repetir a dose. A metade seria o mais coerente.
Tudo muito organizado, clima amistoso de congraçamento entre atletas permanentes e temporários. Enquanto uns apenas queriam completar o percurso , outros tinham metas mais ambiciosas, de acordo com suas condições físicas e psicológicas. Embora eu tenha sofrido um pouco no primeiro aclive acentuado, deixei meu corpo ditar o ritmo ideal, mesmo que a mente quisesse sair ultrapassando sem nenhum critério de precaução.
Passei a apreciar o momento e até rir das situações e diálogos durante os trinta minutos de transpiração. Um maluco perto do viaduto soltou um berro: " Ó o gás"! Uma senhora reclama com o marido que o celular está caindo da bermuda. E tome selfie. Lado a lado, professora e aluna dividem as passadas, apesar de a discípula reclamar da dor desviada.
Outro corredor, já exausto, tira forças do sobrenatural para perguntar pela água com o ímpeto de um vendedor de bananas na feira. Na avenida Canal, metade do trajeto já tinha ido embora e um moto táxi alerta com sarcasmo: " se cansar , tem moto pra levar até o fim".
Um amigo das antigas que largou comigo , já estava voltando quando eu ainda me dirigia ao fim do canal. Foi quando avistei a "Pretinha" Ednalva Laureano, que não está na mesma forma e com o potencial de antes, aparecer uns sete minutos na minha frente. Segue o jogo. No Sesc Centro, a água milagrosa trabalhou. Daí por diante , foi só administrar o resultado.
Eu Já estava disposto a não dar sprint final , quando o pessoal de apoio começou a incentivar nos últimos metros ,com a chegada dando na vista. Então, ainda consegui ultrapassar uns gatos pingados, entre os quais um senhorzinho que teimava em emparelhar. Na corrida, não tem essa de idade, nem há lugar para o preconceito. Quem tem condicionamento, se sobressai.
Guardei o Predador para a próxima. Espero que não demore cinco anos. Ele não sobreviverá até lá. Já são muitos quilômetros de impacto. Provavelmente haverá uma substituição providencial nos próximos desafios. De todo modo, se não fosse ele, eu não teria cruzado a linha imaginária. A você, meu amigo tênis - já desgastado e desfigurado, obrigado por tudo.
Valeu também, Jefferson Willen!
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