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Sinto falta daquele olhar que trazia consigo um misto de surpresa, incredulidade, estupefação, arrogância enfraquecida e, por fim, resignação. Aquela sensação de ter superado o oponente mais poderoso e confiante produz um sentimento indescritível de satisfação e orgulho.
Vi isso nos olhos dos jogadores do Milan em 1993, ao tentarem tirar com a vista, o gol destrambelhado e sobrenatural de Müller, no Mundial de clubes. Quando aquela falta cobrada por Raí, flutuou e parou no ângulo do goleiro do Barcelona, um ano antes, a sensação foi igualmente histórica.
Na década seguinte, os improváveis Adriano Gabiru, do Internacional e Mineiro do São Paulo foram os algozes inesperados. Até o peruano mais tupiniquim de todos, Guerrero, já nos honrou com uma conquista que não estava nos planos dos europeus.
Como foi prazeroso ver as reações de Oliver Kahn em 2002, ao tomar dois gols do Fenômeno, testemunhar um gigante cair ao solo, em 1994, depois de um míssil desferido por Branco. Uma falta quase sem curvas, cobrada por Roberto Carlos, que fez Barthez procurar explicações na Física, para tamanho feito.
Perseguições do tipo quatro contra um atrás de Denílson, Romário deixar Pagliuca mascando chiclete e no chão em um amistoso, enfim, o talento brasileiro prevalecendo diante da força imposta pelo poderio futebolístico econômico.
Quando começaram a desdenhar do nosso futebol, após 2014, esboçamos uma discreta reação e estamos retornando ao nosso estado original, com sequelas e cicatrizes. O ouro olímpico foi um sinal ,mas afora isso, por que nossas vitórias passaram de improváveis a quase impossíveis?
Depois de goleadas vexatórias , como a sofrida pelo Santos para o Barcelona, em 2011, que se repetiu e dobrou de tamanho anos depois,num torneio sei lá o que, presenciamos à distância o Atlético Mineiro de R10 nem ter forças para passar para a grande final do Interclubes. Não posso esquecer das "zebras" Tolima e Mazembe. Bem lembrado!
Aí, acham pouco e chamam a Chapecoense para um jogo no Camp Nou. Claro que tem toda a motivação de solidariedade, mas não precisava ter ajudado dessa forma. Por que não convidaram o Corinthians? A sorte foram os chapéus aplicados por Apodi em Jordi Alba.
Já que meus heróis do passado não jogam mais, eu queria ver novamente um time brasileiro, seja lá qual for, competitivo mais uma vez no cenário mundial. Para não ter que aceitar calado ver uma criança no Brasil, fazer uma comemoração com as pernas abertas imitando Cristiano Ronaldo.
Precisamos voltar a ter nossos próprios exemplos, para que possamos novamente exultar ao ver os bilhões de euros serem vencidos pelo humilde real, com todas as suas desvalorizações e desigualdades. Quem sabe assim, só por uns instantes, teríamos mais uma vez orgulho de ser brasileiros.Libertadores,já! Mesmo jogando fora, temer jamais!
@basilionetoo
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