foto: globoesporte.com
O
técnico Sérgio China, do ano passado para cá, vem protagonizando uma relação de
amor e ódio com o futebol paraibano. Na verdade, foram muito mais momentos
tensos do que de felicidade. Em 2016, como técnico do Salgueiro, foi eliminado
da Copa do Nordeste pelo Campinense no Amigão e detonou geral. Ficou na bronca
com os gandulas, que sumiram com as bolas, nos últimos minutos da partida.
"O futebol da Paraíba é uma vergonha", desabafou.
Só
que o mundo da bola também gira e em 2017, ele veio defender justamente as
cores do time de Campina Grande na mesma competição regional. Colocou panos quentes na
polêmica do passado e começou a trabalhar. Mas, após perder para o Santa
Cruz, mesmo tendo classificado a Raposa para a próxima fase, com antecedência,
foi demitido. Ninguém entendeu bem aquele desligamento inesperado. O time ia
bem tanto no Nordestão, quanto no Paraibano e China ostentava 62% de
aproveitamento. Nada mal. São mistérios dos porões futebolísticos e nunca
saberemos os seus porquês.
Beleza.
Vida que segue. Na Série D, o treinador assumiu o Guarany de Sobral. Segunda fase da competição e quem é o adversário do time cearense? O Sousa-PB. Final do
jogo: 3x1 para os paraibanos. Na coletiva de imprensa, achei que o comandante
dos visitantes iria falar sobre o gramado ruim ou outros fatores. Mas ele veio
com uma acusação grave e um fato tão antigo que já acontecia no futebol medieval.
Disse que vários jogadores seus foram acometidos de infecção intestinal e
suspeitava de que colocaram algo na comida da sua delegação.
Esse
tipo de artimanha remonta aos tempos em que pintavam vestiários adversários
minutos antes de a bola rolar, soltavam fogos de artifício, a fim de perturbar
o sono dos rivais, cortavam a água para os jogadores não tomarem banho e outras
atitudes amadoras advindas de dirigentes igualmente despreparados. Se for
verdade, Sérgio China tem razão em reclamar. Mas a quem acusa cabe o ônus da
prova, que nesse caso não é nada fácil.
Entretanto,
esse tipo de prática não é exclusividade da Paraíba e nem da Série D. Na elite
do nosso futebol, a gente ainda presencia jogadores correndo para entrar no
vestiário, com medo de morrer, diante de uma torcida rival ensandecida, como aconteceu
no jogo Vasco 0x1 Flamengo em São Januário. Mortes de torcedores inocentes,
pais protegendo filhos nas arquibancadas e times jogando com uniformes da mesma
cor. Amadorismo e negligência. Quanto sangue ainda será derramado e quantos 7x1 serão necessários para
abrirmos os olhos? Sérgio China, apesar de sua aparência oriental já
começou a fazer isso.
basilio-neto@hotmail.com
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