NUNCA CRIE EXPECTATIVAS

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NETO BASÍLIO

"Haja coração! Segura que eu quero ver! Esse jogo é teste para cardíaco!" Bordões do amado e odiado Galvão Bueno, que mostram um pouco como o esporte pode causar impacto emocional nos torcedores. Nunca será só futebol, é o que propagam alguns memes espalhados pelas redes sociais. Aliás, "se tá na internet, é verdade". Segundo pesquisa realizada pela Universidade de Munique, Alemanha, na Copa do Mundo do Brasil, os alemães do sexo masculino, têm três vezes mais chances de sofrer algum evento cardíaco grave, durante um mundial. E olha que eles meteram 7x1 na gente. Desfecho trágico, que pulverizou de uma vez por todas e para sempre, o insucesso de 1950, no Maracanazo.

Mas o que está por trás dessas fatalidades? Na minha humilde opinião de leigo no assunto, o problema reside em se criar expectativas. Se a vitória do meu time é de fundamental e extrema importância, para suprir alguma carência, fazer-me esquecer de algo ruim que aconteceu em minha vida, ou até mesmo para tornar o meu dia melhor e mais agradável, a derrota pode trazer o gosto amargo do fel ao que não se preparou para um possível e provável revés. Basta lembrar que as chances de derrota são igualmente repartidas entre empate e vitória, em algo próximo a 33,33%. Aquela frase que serve de consolação para os filhos, muitas vezes proferidas pelos pais, não são ditas para castrar o ímpeto de competitividade, mas é algo que traz consigo vieses de sabedoria: o importante é competir.

Eu estava com a ideia de escrever sobre esse tema, desde antes da estreia do Campinense na Série D de 2017, contra o desconhecido Atlético de Pernambuco, mas não o fiz. Parece que era premonição. Inclusive teci um comentário sobre o assunto no programa Agita Gol 98, da rádio Correio FM de Campina Grande, domingo (21) meio dia. Resumindo a minha fala, eu disse que era preciso que a Raposa mostrasse humildade e mantivesse os pezinhos no chão. Por ser campeão da Copa do Nordeste de 2013, tem gente que acha que a camisa vai pesar e intimidar os adversários de menor expressão. Esse tempo já expirou. Não existe mais essa mística. Todo ano, a decepção prevalece e o acesso parece algo intangível.

Pior que os caras nem eram para estar lá. Herdaram a vaga do Serra Talhada, que bateu pino e não quis enfrentar a competição deficitária e patinho feio do Brasileirão. Chegaram atrasados, num ônibus escolar, viraram o primeiro tempo perdendo de 3x1 e ganharam de 4x3. Se o Campinense é tão grande, como muitos afirmam, precisa mostrar dentro de campo, porque até onde eu sei, na quarta divisão, todos são iguais perante a lei. E você, torcedor, não crie expectativas, porque no final, se não der de novo, tudo bem. Agora, se o Rubro-Negro igualar o feito do Botafogo, em 2013, a alegria será lucro, para quem não esperava nada além de mais uma participação, de um time que parece ter empacado, como o Fortaleza na Série C. A derrota inesperada pode servir de lição e ser a amarga delação premiada, para que o futuro se mostre menos ingrato. Prepare o seu coração! Será que o treinador cai? Já é o quarto só em 2017.



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