BASÍLIO NETO
Enquanto os jogadores se preparavam para escrever o capítulo de número 400 na história do Clássico dos Maiorais (definição criada pelo saudoso narrador esportivo Joselito Lucena), um torcedor aguardava pacientemente.Camisa do seu time, alegria incontida e ansiedade no olhar. Eu já o tinha visto no Parque da Criança em algumas oportunidades. Mesmo com dificuldade para se comunicar, ele arruma um jeito de pedir para jogar também. Não importa que seja com crianças. Aliás, ele é como se fosse uma.
Quando eu estava com meu filho e outros
dois meninos, ele - por meio de sinais -esperou a aprovação e permissão para
fazer o que mais gosta: brincar de bola. Lutando contra sua coordenação
motora, ele mostrou habilidade, sempre ao tocar e sair para receber. Noutro dia,
passei sozinho pelo parque e vi quando ele outra vez queria participar de uma
pelada, mas não permitiram. Saiu, cabisbaixo e triste.
Porém, naquele domingo foi diferente. Por
alguns instantes ele superou todas as barreiras impostas por suas limitações,
através da imaginação. Havia muitos subsídios e dados concretos para tal.
Ele não sabia se ria, se chorava, ou se pulava de alegria. Lá estava o torcedor
anônimo, entrando no sagrado gramado do estádio Amigão. Que bela iniciativa!
Parabéns, aos responsáveis por essa ação.
Foi chato saber que do lado de fora
houve confusão e brigas. Confrontos e encontros entre torcedores rivais, que poderiam ter sido evitados, mas na parte interna, vivemos o mesmo sentimento de
sempre. E daí que foi 0x0, que Marcelinho perdeu um pênalti e que o tabu
continua? Aquele semblante do homem-menino foi a prova incontestável de que não
é apenas um jogo, é mais do que uma paixão.
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