(Foto: Basílio Neto)
No esporte, a raiva demora a passar, mas chega um dia em que ela é
substituída pela expectativa. Semelhante a um ciclo, que se repete quase nos
mínimos detalhes, assim também acontece no futebol paraibano. Nosso campeonato
é curto, como os demais estaduais pelo Brasil. Não pode passar de maio. A não
ser que existam pendengas judiciais e outros contratempos, que é melhor nem
pensarmos no assunto para não atrair. Ou seja, mesmo depois de reclamarmos,
esquentarmos a cabeça, ficarmos decepcionados, desiludidos com fatores intra e
extracampo, quando chega novembro, dezembro, sentimos falta do Clássico dos
Maiorais, de sofrer e nos alegrarmos nas tardes inesquecíveis de domingo,
sentados na arquibancada do Amigão.
Bate mesmo aquela saudade. Somos quase dotados de poderes para prever o
futuro e temos a capacidade de adivinhar o que acontecerá doze meses depois de
mais um início de competição: praticamente nada de novo. Às vezes, pode até mudar.
Talvez, para pior. Quem sabe sejamos muito exigentes. Ou, já aprendemos a
não ser iludidos com um primeiro semestre dos sonhos e depois do São João,
somos apresentados novamente às migalhas. Mesmo que Campina Grande ostente o
bicampeonato atualmente, prefiro sempre tomar como parâmetro, para uma
avaliação mais criteriosa, saber em qual patamar estão os times locais em
relação ao Campeonato Brasileiro.
Estamos sofridos. No velho “rabo da gata”. Mas o discurso está sempre
preparado. Copa do Nordeste, Copa do Brasil, uma maratona de jogos, calendário
para o ano todo... O que o torcedor precisa é de acesso. Sair da Série D! Para
2017, já posso imaginar o óbvio. Campinense, Botafogo e Treze se lascando para
tentar o título, ou mesmo o vice-campeonato, pensando nas cotas de participação
do ano seguinte. O Sousa, sempre correndo por fora e, talvez, nenhuma outra
surpresa. Não tem problema. Apesar de termos consciência de que os estádios
demorarão a ser liberados, times chegarão em cima da hora para o jogo, ônibus
quebrarão na BR 230, estudantes e idosos reclamarão por não terem ingressos
suficientes, estamos ansiosos pela volta do nosso certame.
Se no final, os prognósticos estiverem certos, beleza. É só esperar um
tempo para sarar a dor de mais uma frustração em nível nacional, lutar para não
largar o osso em eleições conturbadas, cuidar do patrimônio, pintar uma
arquibancada e se tiver dinheiro em caixa, melhor ainda. Basta aguardar que
novamente bata aquele desejo no torcedor, de ver o seu time de coração em
campo, para que tudo seja esquecido. Porém, se no meio do caminho, o destino
revelar uma surpresa, que possa queimar as papilas gustativas dos jornalistas
críticos, que assim seja. Precisamos progredir e sair do marasmo. O semiárido
nordestino carece de chuva e de transposição. O Brasil quer uma democracia
estável, isenta de parasitas. Treze e Campinense precisam estar na Série A.
Vamos pensar grande, para que paremos de ser apenas mais uma decepção aos 50 do
segundo tempo. Chega logo, janeiro.
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