Quando
ouvimos falar de Juscelino Kubitschek, de imediato lembramos do
slogan "50 anos em 5", da construção de Brasília e sua trágica morte em um
suposto acidente que até hoje não ficou esclarecido na mente dos mais antigos e
dos que se debruçam sobre os livros de história e arquivos da internet. O
político, conhecido por seu carisma e capacidade de diálogo, emocionou milhões
de brasileiros em vida e causou uma comoção nacional com o final de sua
trajetória, quando estava no banco de trás do seu Opala, que chocou-se de
frente com uma carreta na Rodovia Presidente Dutra, trajeto São Paulo - Rio
de Janeiro em 1976. Naquele momento, o ex-presidente representava uma ameaça ao
regime militar, pois lutava pela redemocratização. Curiosamente, JK, Carlos
Lacerda e João Goulart morreram, em circunstâncias misteriosas, em um período
de apenas três meses.
Juscelino, antes de governar o Brasil, de 1956 a 1961, se formou
em medicina, ingressou na Polícia Militar mineira (era natural de
Diamantina-MG), foi prefeito de Belo Horizonte, deputado federal, e governador
de Minas Gerais. Após eleito, com a elaboração do Plano de Metas, abriu a economia
brasileira para o capital estrangeiro e priorizou a abertura de rodovias,
promoveu a indústria naval e automobilística, construiu usinas hidrelétricas,
acelerou o processo de industrialização, além de projetar e executar uma nova
capital para o país. Porém, o presidente não era uma unanimidade e foi
acusado várias vezes de corrupção em supostos casos de superfaturamento, envolvendo
empreiteiras. Para sua sorte , ele não era do PT, Sérgio Moro não era nascido e
não existia delação premiada.
Em 1957, o presidente inaugurou o açude Epitácio Pessoa, que foi
construído para resolver o problema de abastecimento de água de Campina Grande.
Na época, a cidade contava com cerca de 100 mil habitantes. Só que o início dos
trabalhos se deu em 1948 e a conclusão aconteceu em 1956. Mas as homenagens
foram prestadas a Juscelino, que ganhou até uma estátua na Praça da Bandeira,
encravada bem no centro da Rainha da Borborema. No período em que o
reservatório estava sendo idealizado e a barragem começava a ganhar forma, o
Brasil teve cinco presidentes: Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Café Filho,
Carlos Luz (interino) e Nereu Ramos (interino). De toda forma, quase 60 anos
depois, é preciso reconhecer a importância da obra, que por todo esse tempo,
saciou a sede dos habitantes de Campina, que hoje conta com 400 mil habitantes
e mais 18 cidades circunvizinhas.
Bem que o Brasil está precisando de Juscelinos, que tenham o dom
de dialogar e possuam vocação para liderança. Alguém que faça uma ligação e
pergunte o que falta para a conclusão da transposição das águas do rio São
Francisco. Mas, pelo contrário, hoje o que mais se vê é o toma lá da cá, a cara
de pau dos que imaginam que um aceno à distância, um aperto de mão, um
sorriso, cem ou duzentos reais, podem resolver uma situação vexatória. A política
deveria objetivar o bem comum. Quando a gente assiste e ouve discursos dos
grandes estadistas do passado e olha para o que temos ao nosso redor hoje,percebemos que precisamos tratar de criar o nosso próprio plano b e fazer como os povos
nômades da antiguidade: fugir para onde a água abunda. Mas antes de partir, devemos reverenciar o monumento de JK, que pelo menos agora, não sofre mais com as
investidas aéreas dos pombos.
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