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POR GABRIEL
ALVES
Um tempo atrás houve grande
burburinho com a notícia de que seria possível que o pernilongo comum, aquele
amarronzado, teria capacidade de transmitir o vírus da zika.
O pernilongo (mosquitos do gênero
culex) e os aedes formariam, de fato, uma dupla infernal –o aedes de dia e o
culex à noite passando zika pra todo mundo.
Ainda bem que não é o caso. Pelo
menos segundo dados de um novo estudo que saiu hoje (6) na revista científica
“Plos Neglected Tropical Diseases”.
Cientistas do Instituto Oswaldo
Cruz, da Fiocruz, analisaram quase 400 pernilongos e observaram que o inseto
não tem o que os cientistas chamam de competência vetorial, isto é, não são
capazes de passar o vírus para suas vítimas humanas.
O motivo disso é o fato de o vírus
não chegar à cabeça, na região das glândulas salivares, como acontece nos
aedes, especialmente no Aedes
aegypti.
Tanto os pernilongos quanto as cepas
de vírus testadas vieram da cidade do Rio de Janeiro, ou seja, os cientistas
buscaram mimetizar em laboratório as condições reais de infecção no nosso atual
e caótico ambiente urbano.
INFECÇÃO NATURAL
Em estudos anteriores foi mostrado
que era possível forçar a infecção do pernilongo com o vírus, mas os cientistas
não haviam achado, e não acharam até agora, um pernilongo infectado na natureza.
O problema é que o fato de
cientistas terem conseguido infectar em laboratório os insetos não mostram nada
além de uma possibilidade. Com todo o alarde que houve após este achado, a
necessidade de constatação igualmente importante (ou mais, na verdade) da
ocorrência de infecção natural da espécie ficou de lado nas “análises de
conjuntura da zika”.
Até então vários cenários
pessimistas têm sido pintados. Alguns médicos e biologistas sugeriram adiar a
Olimpíada do Rio. Com o atual achado, talvez o nível de preocupação caia.
O importante, na opinião do
coordenador do estudo Ricardo Lourenço, do Laboratório de Mosquitos
Transmissores de Hematozoários, é nos dedicarmos à eliminação dos aedes.
“O que podemos dizer é que, com base em amostras representativas tanto para os
mosquitos quanto para o vírus Zika, no Rio de Janeiro, os resultados, até o
momento, apontam que o foco para o controle da doença, no Brasil e em áreas
endêmicas nas Américas, deve permanecer na eliminação de criadouros do mosquito Aedes
aegypti.“
Não podemos esquecer também
da transmissão por via sexual, que cada vez mais tem roubado o
protagonismo do aedes em artigos científicos e relatos de casos de infecção
principalmente fora do país, em locais onde não há mosquitos transmissores. O perigo
pode estar dormindo ao lado, literalmente.
http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/09/06/pernilongo-nao-consegue-transmitir-virus-da-zika-mostra-estudo-do-instituto-oswaldo-cruz/
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