O NACIONAL DE PATOS E O PV

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Foi numa tarde-noite de domingo. Eu era criança e, acompanhado do meu pai e dos meus irmãos, fomos ao Amigão assistir Treze e Nacional de Patos, válido pelo Campeonato Paraibano. O resultado final ? Um empate em 3x3. Mas isso pouco importou para mim. Foi um evento raro. Meu pai tinha receio de ir ao estádio, mesmo naquele tempo (início da década de 1990), em que Campina Grande nem de longe ameaçava ostentar os alarmantes índices de violência da atualidade. Antes , eu já havia estreado como espectador na partida Treze 0x1 Remo, quarta-feira à noite. Os jogos noturnos começavam às 21h30, seguindo um padrão desnecessário dos horários de televisão, que precisavam esperar a novela terminar.


Mas o que me impressionou naquela minha segunda ida a um estádio de futebol, foi o ambiente místico. Um gramado verde impecável enchera os meus olhos diante das quatro torres que refletiam o colorido das bandeiras de escanteio. O maior perigo que corríamos nas arquibancadas era de recebermos uma laranjada na cabeça e só. As torcidas ditas organizadas ainda não haviam desembarcado por aqui. Bons tempos. O time de Patos sempre engrossava diante das equipes de Campina Grande e não abria mão de jogar no Ernani Sátyro. Por mais que o Presidente Vargas tivesse arrumadinho, eles não gostavam de atuar lá. Até que num determinado momento bizarro do nosso futebol, houve um dia em que o Canário do Sertão foi para o Amigão e o Galo ficou no PV esperando por um jogo que não aconteceu.

Por ironia do destino, nesse domingo (25), o Nacional teve de ir ao estádio que antes era preterido. Desembarcou no bairro do São José, para enfrentar o Sport Campina pela Série B do Paraibano. Sintonizei numa emissora de rádio de Patos e ouvi quando o repórter desabafou: "Esse gramado do PV está horrível. O jogo era para ser no Amigão". Talvez ele não saiba que tanto lá como cá, a grama pode ter qualquer cor, menos o verde de outrora. O Verdão Maravilha, campeão de 2007, teve de duelar contra um time que somente há poucos dias venceu sua primeira partida como profissional. Para ser feliz, ainda conseguiu empatar sem gols e vai decidir a classificação às semifinais, jogando no velho e bom José Cavalcante.

Os nossos gramados estão amarelos como o sorriso do torcedor. Castigados pela seca e pela incompetência. Tomara que Deus mande chuva para que não precisemos esperar a ultima vaquinha com apenas o couro e o osso, se fartar em nossos estádios. Assim como o Nacional, é preciso recomeçar, com muita atenção e compromisso, para que os fracassos e decisões incorretas não se repitam. Nesse atual momento, a criança daquele passado longínquo, já se satisfaria em apenas sentar e olhar para a beleza de um produto da clorofila, que de forma abrupta foi retirado do nosso campo de visão.  Laranja lima, laranja lima, laranja lima, coco verde, abacate e tangerina...Haja formiga em terra funda.


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