O
motorista subia pela rua Treze de Maio tranquilamente e de repente sentiu
o impacto. Sem saber do que se tratava, pensou logo que era um problema
mecânico. Quando olhou para o lado, viu que um pedestre havia parado e gritado:
"não foi nada demais não"! Freio de mão acionado, carro desligado, porta
aberta. Lá estava o retrato do cinismo e arrogância. Um instrutor de autoescola
fracassado havia batido na traseira do carro que estava na sua frente. Qual
seria o princípio básico do condutor, senão manter uma distância de frenagem
mínima? O infrator, que deveria ensinar, estava lá sentado dentro do automóvel,
imaginando que o problema não era com ele. Deve ter pensado: “vai ver que o
cara da frente ignora, vai embora e ninguém irá testemunhar o meu vexame numa das
principais avenidas da cidade”.
-
Bicho, tu não vai nem descer do carro?
-Encoste
ali que eu vou ver. Você tá errado, parou de vez na minha frente!
-
Rapaz, você só pode estar tirando onda com a minha cara. Devia estar olhando o
celular e como essa rua está sempre congestionada, vacilou e bateu na minha traseira.
Você deveria saber que quem bate atrás está sempre errado!
- A
culpa foi sua. Só foi um arranhãozinho. Nada demais.
-Beleza,
vou lá na autoescola, conheço teu patrão.
- Vá
mesmo. Tome aqui meu cartão. Sei de um cara que ajeita lá no Jardim
Paulistano. Me liga!
Reparo
feito no carro e o dono da autoescola por pouco não demitiu o seu funcionário
cangueiro que outro dia foi visto sofrendo para fazer uma baliza, mas sem
perder a empolgação, de quem desce do carro e anda mancando da perna feito o
baixinho Romário.
Comentários