TREZE FUTEBOL CLUBE: COMO ACABAR COM UM TIME EM MENOS DE TRÊS ANOS?

Foto: Magnus Menezes / Jornal da Paraíba)
Apenas um placar igual separava o Treze da Série B do Campeonato Brasileiro em 2013. Um simples e mísero empate! E não foi fácil a caminhada do Galo naquele ano. Depois de substituir o técnico Vica, pelo prata da casa Luciano Silva, o time deu aquela "liga" e junto com a torcida proporcionou momentos inesquecíveis, no estádio Presidente Vargas. Após apresentar um desempenho muito fraco no início da competição, com o time frequentando a zona de rebaixamento, uma inesperada reviravolta colocou a equipe no g4. Em cada vitória suada, jogando nos seus domínios, os jogadores se abraçavam, os torcedores permaneciam na arquibancada aplaudindo e, como se fosse uma final de Copa do Mundo, tiravam do coração o grito de alívio e de alegria, numa euforia que não tem ingresso que pague.

O último e decisivo embate foi um daqueles jogos épicos, feitos para ocupar um lugar na memória do torcedor, que seguramente passara às próximas gerações, o fato de ter dedicado duas horas de sua vida ao participar ativamente de um momento histórico. Como não se emocionar ao ouvir a narração do saudoso Joacir Oliveira, que tirou do coração já cansado, o “sprint final” nos acréscimos do jogo contra o Santa Cruz ? Giancarlo, numa bola perdida sem pretensão, cabeceou para o chão e fez a alegria de meio mundo de trezeanos, naquele domingo ,fim de tarde no bairro do São José. Eu estava na orla do gramado, já preparando as tradicionais perguntas, do tipo: "O que faltou para o Treze se classificar"? E ouvir respostas como: "Agora é levantar a cabeça, porque ano que vem tem mais". 

Mas também guardei, como que de lado, indagações a respeito do feito inacreditável, no apagar das luzes, como diriam os mais antigos. Depois do apito final, o êxtase tomou conta dos alvinegros. O time de Pernambuco, já classificado e com o treinador Vica (o mesmo que saiu corrido do PV), não facilitou em nada a vida dos paraibanos. O Treze estava classificado para a próxima fase da Série C e figurava entre os oito melhores do certame. Bastava passar mais uma vez de fase, ao superar apenas um mata-mata, para aterrissar na Série B de 2014.

Pela frente o Vila Nova de Goiás, que também não resistiu à pressão da torcida no PV, ao bom futebol do anfitrião e foi derrotado pelo placar mínimo de 1x0, no primeiro duelo. Só que na volta, no estádio tradicional Serra Dourada, o atacante argentino Frontini, tratou de sepultar o sonho dos trezeanos. Após uma partida apática e irreconhecível, o Galo perdeu de 2x0 e aquela frustração de ter estado tão perto se dividia com o orgulho de ter ido tão longe.

Depois disso, o Galo só somou insucessos. Foi rebaixado para a Série D e fez companhia à Raposa, no abismo dos times sem série. Em 2016, não obstante ter repatriado o premiado e vencedor técnico Marcelo Vilar, novamente a receita de misturar elenco enxuto com time de qualidade não funcionou. Com uma campanha horripilante - parafraseando o inesquecível Joselito Lucena - o Galo deu adeus ao Campeonato Paraibano e se despediu de tudo, antes da hora. Está de férias até 2017. Para piorar a reputação do Alvinegro, o Treze também foi derrotado na Justiça Desportiva, ao tentar apontar uma possível irregularidade do rival Campinense.

Enquanto o mesmo Tricolor, o Santinha que estava ao lado do Treze, há três anos, foi campeão da Série C em 2013, venceu a Copa do Nordeste há poucos dias e está na elite do futebol brasileiro, o Galo velho cai pelas tabelas e não há perspectivas alentadoras pela frente. Será que vão acabar com toda uma história em poucos anos, através de uma incompetência crônica que aliada ao paternalismo, às paixões e ao ciúme de macho, põem em risco o futuro de um patrimônio imaterial de Campina Grande? Prefiro crer que não, embora saiba que vai demorar muito para que o futebol de Campina Grande fique a apenas um empate de sair da mediocridade em que está mergulhado.





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