A RAPOSA E O JACU

Quando o Jacu chegava, era um Deus nos acuda. Galinha corria, frango ligava o sinal de alerta e nem mesmo o galo Cheiroso, metido à valente, ficava para enfrentar o visitante indesejado. Era assim lá em casa, há alguns anos. Ninguém sabia de onde ele vinha, mas quando a barulheira começava todos gritavam em uníssono: é o Jacu. Bicho desengonçado e destemido. Só levantava voo e batia em retirada, quando alguém jogava um caco de telha, sabugo de milho, bagaço de laranja, ou no instante em que um cabo de vassoura tirava fino na penugem preta da ave agourenta. O pior é que o bicho aparecia do nada, pairando por sobre os telhados das casas.

Assim também surgiu o Jacuipense em João Pessoa. Fazendo o fácil: Tocando e saindo para receber, jogando e deixando jogar, marcando e atacando no momento certo. Ao perceber que o adversário não exercia sobre ele a superioridade prevista, foi lá na frente e demarcou o território com um toque sutil de Casagrande. Perto do crepúsculo vespertino, na hora em que as aves procuram os galhos de uma árvore frondosa para descansarem, a Raposa sorrateira empatou a partida, com Bismarck.

Não está fácil para ninguém mesmo. Muito menos para o Campinense. Punição, jogo em casa fora dos seus domínios, possibilidade de novo castigo e um time "ronhento" (neologismo), que quase arranca mais um resultado positivo atuando longe da Bahia. Esta é a Série D. E o Jacu? Alguns meses depois, soube que ele não teve muita sorte e foi abatido por um vizinho impaciente e irritado. Um fim trágico para a ave que foi a causadora de tamanha balbúrdia. Com relação ao Jacuipense, não vi nada de muito especial. Apenas um time de operários que faz o "feijão com arroz". Creio que só isso basta para quem quer ter sucesso na “Quartinha”.

Campeonato Brasileiro Série D: Estádio Almeidão, João Pessoa-PB. 02/08/2014. Campinense 1x1 Jacuipense.

@basilioneto98
facebook.com/basilioneto