Acompanhei o Treze na primeira fase do Campeonato Paraibano, atuando em quase todos os jogos que o Galo fez
como mandante. O único em que não trabalhei, como repórter de pista da Rádio
Correio FM, foi contra o Nacional. Para não ficar faltando nenhuma observação,
fui à Patos e completei a sequência, vendo o Alvinegro vencer fora de casa o
time sertanejo por 1x0. Houve apenas uma derrota,que aconteceu no clássico
contra o Botafogo, em casa e posterior empate em João Pessoa, no jogo da volta.O
time, em seu auge, aplicou sucessivas goleadas de 4x0 sobre Nacional de
Patos,Auto Esporte e Atlético. Além de um convincente 4x2 sobre o CSP, no
estádio da Graça.
Depois, vieram os primeiros tropeços
mais sérios, anormais e inesperados. Derrota para o Paraíba e empate em casa
contra o Cruzeiro. Lá se foi o treinador Sérgio Cosme. Demitido ,não entendeu o porquê de
sua saída. Foi a partir deste momento que tudo começou a desandar de vez.
Lorival Santos chegou, vindo de Alagoas e trouxe consigo alguns jogadores conhecidos
seus. Três vitórias consecutivas deram a impressão de que mesmo com a
instabilidade da equipe, os resultados obtidos mostravam que o time não estava
tão mal assim. Porém, com o segundo turno, a segurança da classificação à fase
final fez o time entrar num estágio de apatia e fragilidade que ainda não tinha
sido visto na competição. As três vitórias de Lorival no início, deram lugar a
três derrotas, que fizeram com que a situação ficasse insuportável. Lori pegou o
boné e algo precisava ser feito.
José Luis Mauro seria a solução. Vica, ex-jogador, que
entre outros feitos na carreira, foi campeão brasileiro pelo Fluminense em
1984. Treinador com vasta experiência em diversos times do Brasil, estava
recentemente no Fortaleza que participou da Copa do Nordeste, tendo sido eliminado
pelo Campinense nas semifinais. Que ironia do destino! Sua estreia estava
marcada contra o mesmo time que foi talvez, o responsável direto pela sua saída
do tricolor cearense. O clima na semana do clássico dos maiorais era
diferenciado de todos os outros passados. Após uma conquista inédita, o
Campinense parecia ser tão superior ao Treze, vindo de três derrotas no
estadual, que o óbvio era muito previsível. Dificilmente algo de diferente iria acontecer,senão uma boa vitória do rubro-negro.
Usando o vocabulário popular, muitos
esperavam que Raposa x Galo, desta feita fosse "garapa". Seria
teoricamente fácil, para quem desbancou gigantes do Nordeste, vencer um rival
caindo pelas tabelas, no Campeonato Paraibano. Mas aquele time da primeira
fase, ainda era praticamente o mesmo. A motivação de um clássico estava aliada à
estreia de um grande treinador. Sem contar a vontade de mostrar que as piadas
ouvidas durante a semana, nas redes sociais - embaladas por torcedores
eufóricos - não poderiam ficar sem resposta. Teria troco. E teve. Para quem não
havia tomado nenhum gol no Amigão, pelo Nordestão, sofrer logo quatro foi um
castigo e tanto. Será que houve desleixo ou excesso de confiança? O clássico
costuma ser ingrato com os favoritos. Por isso mesmo, este duelo - conhecido
como um dos mais importantes do Brasil- a cada ano que passa se torna mais
forte. É tanto que tem clássico, no outro lado do oceano, que precisa tentar se
equiparar ao nosso, para poder levar mais torcedor ao estádio.
O time que goleou o campeão do Nordeste
é o mesmo que perdeu para o Cruzeiro de Itaporanga e Paraíba de Cajazeiras:
dois rebaixados no certame estadual. A base é a mesma. Futebol não é apenas
preparo físico e técnico. É vontade, gana, garra, determinação. É a força da
confiança em si e no grupo, que faz com que o forte volte a ser capaz de
vencer, mesmo após alguns tropeços. Aquele que está no caminho certo, às vezes
precisa sofrer um choque para ver que os pés precisam continuar no gramado.
Parabéns, Vica! Não trouxe nenhum reforço ainda e já mostra do que é capaz e no
que pode ajudar ao Treze neste ano. Ao Campinense, resta se recuperar do Improvável Futebol Clube e aos poucos brigar pelo título, que dará a vaga na
Série D. Treinadores como Vica me fazem acreditar que técnico, mesmo sem entrar em
campo, ganha jogo,sim senhor.
Basílio Neto é jornalista diplomado pela Universidade Estadual da Paraíba.
Apresenta os programas:
Agita Gol 98 (Rádio Correio FM 98,1, domingos 12:00 - www.correiosat.com.br)
Cidade.com (sábados, 15h - www.redeesperanca.com.br)
e-mail: basilio-neto@hotmail.com
@basilioneto98
@basilioneto98
Comentários