TREZE E CAMPINENSE NA ZONA DE CONFORTO

Final de jogo. Atletas ajoelhados com as mãos erguidas ao céu. O amor à camisa ainda existe. Baixos salários, às vezes sem saber quando irão receber, mas nada que possa tirar a motivação de quem quer triunfar. Vencer na vida e dentro de campo. Geralmente, o jogador de futebol profissional não gosta de perder, nem na pelada, que sempre acontece em suas próprias férias. Isto mesmo! O que um jogador faz quando está de recesso? Joga futebol.

Esta vontade que alguns times têm, de derrotar adversários mais fortes e poderosos, faz do futebol um esporte mágico. Como naquele filme em que os espectadores sempre torcem no seu íntimo, pelo mais fraco. A gana de superar os seus limites faz com que uma equipe desacreditada possa fazer o inesperado, diante de um "inimigo" na zona de conforto. Esta tal zona, descrita com muita propriedade pelo ex-treinador do Internacional-RS, Fernandão, é o que torna possível - muitas vezes - a zebra passear em solos semiáridos.
Na Copa de 1990, foi a primeira vez em que eu ouvi falar de zebra. Camarões venceu a poderosa Argentina, então campeã do mundo, num lance despretensioso, seguido de uma falha do goleiro Pumpido. A imagem colocada na tela, pela Rede Globo, de um animal sorridente, passeando no gramado, era um misto de gozação e irreverência numa transmissão sempre sisuda, da época.

Mas nestas comparações de Davi x Golias o futebol dá valiosas lições de sempre esperar o inesperado. Às vezes, um time oferece condições além do que poderia, para os seus atletas. Alimentação balanceada, bons salários, profissionais capacitados, concentração, sombra e água fresca. É como um pai que se sacrifica para pagar colégio caro e o filho no final do ano é reprovado. O adversário vem desacreditado, humilhado, com atletas chegando de mototáxi, de bicicleta, a pé, comendo pipoca karintó e mesmo assim, supera o oponente.

No futebol de Campina Grande, antigamente (tempo de Pedrinho Cangula, Ivan Lopes, Zé Lima, Adelino, Gabriel cabelo de fogo, Gilmar Lopes, Rocha e tantos outros), não existiam tantas regalias e os caras faziam milagre dentro de campo.O Campinense em 2012 deu adeus à Série D, para um humilde Baraúnas e o Treze de 2013, tropeçou diante de um sério candidato ao rebaixamento, o Paraíba de Cajazeiras. É hora de sair da zona de conforto e voltar aos tempos do amor à camisa.

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