FALAR O QUÊ?


Preferi manter a minha linha de raciocínio. Nos últimos comentários que fiz acerca do Campinense, procurei passar uma mensagem de otimismo para a torcida, jogadores e comissão técnica. Se é que alguém leu as minhas despretensiosas colocações. Não seria correto da minha parte, ficar o campeonato inteiro chamando a torcida, cobrando o seu comparecimento ao estádio, tentando persuadir a massa rubro-negra de que o Campinense é time grande, que iria conseguir a vaga a qualquer custo e diante do fracasso, mudar todo o discurso. E o que é pior: neste transtorno bipolar, por exemplo, chegar a dizer que a Raposa jogou a Série D, com time de Campeonato Paraibano. Por que não falou isso antes, cara pálida?

Só quem não viu a Raposa em campo é que não sabia das limitações da equipe. Talvez, ouvindo pelo rádio, diante da empolgação do narrador, o torcedor fique sem saber das deficiências técnicas do time e na força da emoção, passe a fazer planos de desfrutar da alegria passageira que o futebol proporciona. Aliás, a alegria pode ser efêmera, mas as decepções e frustrações parecem ser eternas. O Campinense poderia ter conseguido o acesso diante do Baraúnas, sim. Claro. Mas o improviso, o jeitinho, a garra, não foram capazes de fazer com que houvesse a derradeira e mais importante vitória para o representante de Campina Grande na Série D.

 
O time de operários do Baraúnas soube, com humildade e eficiência, realizar o sonho de ascender à Série C. Coisas do futebol. Não adianta ter talentos individuais se não há conjunto, ou mesmo as condições básicas de proporcionar o surgimento das vitórias, sem precisar fazer tanta força, no último minuto, com um gol de pênalti, na marra, não... O futebol bem jogado não necessita recorrer a subterfúgios para justificar os fracassos, sejam eles erros de arbitragens - sempre presentes nas derrotas- ou gramados duros, pesados, esburacados. Poderia ter dado certo, mas não foi desta vez. Novamente, o futebol da Paraíba mostra a sua fragilidade e inércia.

O que fazer para um dia mudar esta situação? Eu poderia dizer que a culpa é de Rosilene, que Freitas está ultrapassado, que a diretoria falou muito e fez pouco, enfim, são muitas as possibilidades para tentar justificar o fracasso. Entretanto, vou seguir o conselho de Severino Cavalcanti e me recolher à insignificância devida. Eu só acho é que precisa acontecer uma varredura urgente em nossos times. Mudar as peças, a mentalidade, o modelo de gestão da década de 70 e parar de achar que jogador na Paraíba tem que ganhar rios de dinheiro. Estamos em um estado pobre. Enquanto no Renatão a maioria se preocupa em pagar um salgado IPVA, nem centro de treinamento existe.

Os heróis de 2008 já fizeram história e ponto final. Precisamos recorrer ao velho choque de gestão, senão o clube continua a afundar e no final dos 90 minutos, os perdedores irão para seus AP's de luxo, aguardar os depósitos em conta, enquanto que os vencedores seguem felizes da vida em suas bicicletas, sonhando com um novo ano, um degrau a mais e uma história bonita pela frente. É hora de acordar, porque do fundo do poço ninguém passa.

 

 

 

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