CAMPINENSE X CSA: Um Pingo de amor chorado.



Em 2010 eu integrava a equipe de esportes da Rádio Cidade AM 1310 e era setorista do Campinense, no Campeonato Brasileiro da Série C. Numa certa ocasião, acompanhei o coletivo apronto da Raposa no Amigão. O time não estava bem na competição e o ataque não inspirava muita confiança.  Então, algo me chamou atenção. Um jogador jovem, com seus 18 ou 19 anos, vinha do Treze, onde não foi aproveitado e tentava mostrar que tinha futebol para ajudar a equipe nos próximos jogos.
O treinador na época era Suélio Lacerda. Aconteceu que, naquele fim de tarde, percebi o entusiasmo do garoto, feliz da vida porque o seu nome tinha enfim, aparecido no BID (Boletim Informativo Diário) da CBF. O menino estava radiante de alegria. Então, enquanto os companheiros de outras emissoras entrevistavam os medalhões do grupo, eu me dirigi ao atleta. Eis a rápida entrevista, na íntegra:

BASÍLIO NETO: Pingo você treinou bem, marcou gol, de repente você tem esperança de poder ajudar o Campinense domingo?

PINGO: É, né. Estou aqui trabalhando, me dedicando ao máximo no meu trabalho, para poder ajudar o Campinense. Se o professor me der oportunidade, vou agarrar com unhas e dentes para poder entrar na equipe.

BASÍLIO NETO: Você sente que o Campinense tem uma deficiência no ataque, de repente, você pode ajudar de maneira mais efetiva, talvez entrando no segundo tempo, com sua juventude e sua força?

PINGO: É. A gente estamos necessitando de gol. O ataque é muito bom, mas estamos precisando de gol e se eu estiver aqui, a disposição do professor, entrarei com mais vontade para dar a vitória, né?

BASÍLIO NETO: Você, pelo fato de ter jogado no Treze, tem algum problema com a torcida do Campinense?

PINGO: Não, não. Eu faço o meu trabalho, né. Onde o meu empresário me colocar, onde o time precisar de mim eu estarei. Independente da torcida ou não. Eu estava no Treze, agora estou no Campinense e vou lutar com unhas e dentes, para dar o meu máximo aqui e ajudar o time a subir pra segunda divisão.

Resumindo: Pingo sequer foi relacionado para a partida e o Campinense se livrou de cair para a Série D, apenas no último jogo. A queda veio a acontecer no ano seguinte. A Raposa caiu, mas Pingo subiu. Passou pelo CSP e agora, no América de Natal, é um dos destaques do time potiguar na Série B 2012. Há rumores de que o atleta esteja sendo pretendido pela Ponte Preta de São Paulo, time da Série A.
Treze e Campinense não aprendem mesmo. Dificilmente revelam talentos e insistem em
“jogá-los na fogueira”. A torcida também não ajuda e a cobrança em cima de jogadores jovens, em Campina Grande, é praticamente desumana. Deve ser por isso que o ataque da Raposa contra o Petrolina ficou por conta de dois veteranos bons de bola, Warley e Marabá.



Entretanto, parece que Freitas Nascimento vai ousar neste jogo decisivo contra o CSA, no Amigão, sábado (1), às 16:00h. Rafael Ibiapino, 18 anos, vem se destacando nos treinamentos e, ao que parece, terá uma chance de entrar jogando contra o time de Maceió. Aleluia! Vamos dar um F5 em nossas mentalidades e perceber que o futebol, não é mais como era nas décadas de 1970, 1980, em que o jogador com 20 e poucos anos era considerado muito verde.  Por falar nisso, o Campinense precisa apagar da memória o ano de 2008. Faz parte do passado. Vez por outra, as comparações vêm à tona e acredito que os heróis daquela época precisam mostrar que ainda podem ajudar. Importante, a partir de agora é sempre pensar em nomes novos, ideias novas, enfim, vida que segue.

O indispensável, para o Campinense, é fazer um placar que possa assegurar uma zona de conforto para o jogo no Rei Pelé. Que a entrada deste jovem valor, possa representar um pingo de água no oceano, para mudar a mentalidade dos nossos dirigentes conservadores. O Campinense é grande e precisa mostrar sua força em seus domínios. Tomara que o comandante Freitas Nascimento consiga, ao lado dos seus comandados, levar a Raposa a mais um acesso.

Seguindo passo a passo, é possível. Com o ímpeto de Ibiapino, a experiência de Warley, a liderança de Pantera, a habilidade de Renatinho e Fernandes, a segurança de Breno e Charles Wagner junto aos demais guerreiros raposeiros, o Campinense mesmo sem ser favorito, pode derrotar este seu adversário direto na luta pelo acesso. Assim como o rival Treze, teve pela frente o temido Santa Cruz em 2011, a pedra no sapato dos Rubro-Negros é o CSA, que vem invicto à Campina Grande. Mas, tudo tem uma primeira vez. Que a primeira vez de Ibiapino como titular, seja tão inesquecível como uma possível primeira derrota dos alagoanos na competição. A torcida não hesitará em derramar um pingo de amor chorado, ao ver a Raposa vencer bem num sábado, com cara de domingo. No final, tudo vira festa. Seja pagode, ou forró. É o que a gente espera.

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