Eu sou do tempo em que a vitória valia dois pontos. O goleiro
podia pegar a bola recuada com as mãos, mesmo que o jogador tocasse com os pés.
Os árbitros ainda marcavam sobrepasso quando achavam conveniente. Eles também
não precisavam dizer quantos minutos iriam dar de acréscimo. Não tinha aquela
plaquinha levantada antes do fim do jogo, ou do primeiro tempo. Citando o
antigo futebol de salão, hoje futsal, lembro-me de que pratiquei este esporte no
Colégio Alfredo Dantas, com o nobre professor Pilon. Lá no recém-construído
ginásio, pude presenciar a transição da cobrança de lateral. O que era com as
mãos, passou a ser com os pés.
Tive o privilégio
de aos sete ou oito anos, ver pela televisão os duelos de Roberto Dinamite
contra Zico. A primeira Copa do Mundo foi a de 1990. As lágrimas após o gol de
Caniggia foram inevitáveis. Foi a minha maior decepção no futebol. Após este
fato, as outras tristezas não puderam superar a dor da primeira. As alegrias
também foram muitas, afinal para isto é que existe o futebol: para mexer com a
paixão dos seus amantes.
Mas e o que
acontece nos túneis dos velhos estádios, as negociatas, as malas brancas,
pretas e albinas? Analisando friamente, não éramos para perder tempo, com
emoções lastreadas por tanta corrupção e má fé. Mas, tudo bem. Ninguém é
perfeito e, portanto, não se pode exigir de alguém algo que não se pode
oferecer. No ano da tão esperada saída de Ricardo Teixeira do comando da CBF,
por um momento pensei que algo poderia mudar. Eis que de repente, lembro-me das
confusões passadas. Flamengo x Sport: Quem é o Campeão Brasileiro de 1987?
Flamengo ou São Paulo: a quem deve ser dada a taça de bolinhas?
Copa João
Havelange. O Ex-Presidente da FIFA deu nome àquela competição no ano 2000. O
Gama-DF conseguiu na justiça comum o direito de jogar o Campeonato Brasileiro
da Série A. Tudo por causa de um complicado processo, que envolveu o jogador
Sandro Hiroshi (o mesmo que falsificou sua certidão de nascimento - o famoso gato).
Impossibilitada de organizar a competição, a CBF passou ao Clube dos Treze a
responsabilidade. Só sei que nesta virada de mesa, foram beneficiados o
Botafogo, que deveria ter sido rebaixado, em 1999 e o Fluminense, que estava
perambulando na Série C. Resultado: o maior Campeonato Brasileiro da história
com 116 clubes, das três divisões.
Pronto! Chegamos a
uma solução para o problema de 2012. Que tal fazermos uma nova Copa João Havelange? Desta feita, juntaríamos os times das Série C e D e faríamos um balaio de gato esportivo. É
a única saída plausível para esta pendenga, que já está tirando a paciência do
torcedor, dos jogadores e dirigentes dos clubes envolvidos. Não há o que fazer,
CBF. José Maria Marin não pode usar da arrogância para pisar nos antes fracos e
oprimidos, que agora se agigantaram.
Chegou o momento da decisão. Ou fazem uma
nova Copa João Havelange , ou então não sei o que poderá acontecer. Faltando
dois anos para a Copa do Mundo do Brasil, este é o cenário que nos aterroriza.
Seria melhor voltar aos bons tempos, no final da década de 1980, em que o
futebol brasileiro apresentava problemas, mas era mais romântico. Se o problema fosse na Série A, já teriam resolvido. Mas, como o Brasil é o país das desigualdades sociais, ninguém se preocupa com as classes C e D.
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@basilio_neto
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