O DIA EM QUE O SOUSA JOGOU COMO BARCELONA.



Quando o Campinense em 2008 conseguiu o inédito acesso à Série B do Campeonato Brasileiro, pensei que naquele ano era chegado o momento da redenção do futebol paraibano. A Raposa, depois de muito esforço, naquele instante, figurava entre os quarenta melhores equipes do país e disputava lado a lado, com times como o Vasco da Gama, uma vaga na elite do futebol brasileiro. O tempo passou e o Vasco foi o campeão da Série B 2009, Campeão da Copa do Brasil 2011 e briga pelo título da Libertadores da América.

E o Campinense? Ex-parceiro de Série B do clube carioca, o que conquistou neste período? O último título paraibano foi justamente no ano do acesso à Série B, 2008. Depois disso, foi rebaixado para a Série C, ainda no ano de estreia na competição, em 2010 se segurou na terceirona e em 2011, foi novamente rebaixado, desta feita para a Série D. Do céu ao inferno pode-se ir em apenas três anos. No caso do Vasco, o caminho foi o inverso.

Mas o que acontece com o futebol da Paraíba, que só ameaça, mas não sai do lugar. Anda feito caranguejo, meio de lado, para trás? O que faltou ao Treze em 2011, que não conseguiu o acesso à Série C e caiu diante de uma cobra coral esfarrapada? São tantas as decepções que o torcedor paraibano passa... Quem esteve no "Amigão" no domingo (06) para assistir Campinense x Sousa, pôde presenciar algo muito estranho. Era visível que o os jogadores do Campinense não estavam muito interessados em mostrar aquela raça tão exaltada em duelos passados. Quando em outra ocasião questionei se entre Treze x Campinense havia rivalidade ou amadorismo, parece que eu estava adivinhando as cenas que eu não gostaria de ter visto naquela tarde de domingo.

Não se trata apenas de supostamente prejudicar o rival, Treze, ao não querer se esforçar para ser campeão antecipadamente. O problema foi o total desrespeito ao torcedor que quase lotou as dependências do "Amigão", para ver o seu time levantar a taça de novo, após três anos de fracassos sucessivos. Foram muitos os protestos da torcida, que chamou o time de sem-vergonha, alguns mais exaltados na arquibancada sombra, chamaram os jogadores (com exceção de Pantera) de mercenários e muitos outros insultos que não se pode repetir com o microfone aberto. Teve torcedor que queimou a bandeira do seu time e no momento de uma substituição ouvi um raposeiro gritar: "Coloca logo Marabá no gol", outro retrucou: "Só quem vai vir aqui de novo domingo é a tua mãe"...

É claro que uma parte da torcida aproveitou para comemorar o insucesso do Treze, que ficará de fora da Série D e do Campeonato do Nordeste, mas a grande maioria queria sim, o título naquela tarde. Ora, quem em sã consciência sairia de casa, enfrentaria ônibus lotado, pagaria ingresso de 10, 30 ou 50,00 para vibrar com a derrota do seu time? Não se pode querer por a culpa do fracasso do Treze no Campinense. Nunca! Até porque fatos desta natureza já aconteceram de ambos os lados. Já teve Wx0, suposto cai-cai e muitas outras coisas, que envergonham o esporte.

É por isso que o futebol nas terras tabajarinas anda de mal a pior. Mudam as pessoas (exceto na FPF, claro) e a mentalidade continua a mesma. O Campinense agora vai ter que se desdobrar para vencer o Sousa, motivado e sedento pelo tricampeonato. Poderiam ter resolvido a "parada", mas não conseguiram fazer nenhuma jogada que levasse perigo ao gol do Sousa.

Em tantos anos acompanhando futebol em Campina Grande, nunca vi nem Treze, nem Campinense, passarem um jogo inteiro sem ameaçar o gol do adversário. E olha que em um passado recente, já vi por aqui, Fluminense, Vasco, São Caetano, São Paulo, Corinthians, Paraná, Fortaleza e tantos outros. Algo é certo: Quem esteve no Amigão naquela quase fatídica tarde, nunca irá esquecer o dia em que o Sousa jogou como Barcelona e não deu chances para a Raposa nem pensar em se ameaçá-lo. O Amigão é o Camp Nou do Sousa. Será que no próximo domingo a Raposa vai ameaçar a supremacia dinossauriana? Quem for à campo verá.


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