BULLYING E RACISMO NO FUTEBOL E NA VIDA


Só de uns tempos para cá é que, analisando bem, percebi que fui vítima de bullying enquanto criança. Foi algo tão "traumatizante" que eu nem me lembrava mais. Hoje em dia, as crianças são mais arredias, atrevidas, difíceis de serem domadas, principalmente nas escolas. A educação que deveria vir de casa, não vem e acaba sobrando para o professor fazer o papel de pai e mestre. Meninos e meninas sem limites, fãs de internet e realidade virtual, não estão muito a fim de respeitar hierarquia e jurar à bandeira todas as manhãs - como era antigamente - nos tempos da Moral e Cívica. Preferem os celulares que fazem tudo ser possível, cada vez mais cedo, de modo que os valores dos seus pais, não parecem mais ser desse mundo.

No futebol, presenciamos algumas vezes, jogadores entrando em apuros e até sendo detidos por causa de manifestações racistas. Foi o caso do então jogador do São Paulo Grafite, que foi chamado de negrito pelo argentino Leandro Desábato em 2005, no jogo São Paulo x Quilmes pela Taça Libertadores.  Racismo no Brasil é crime. Concordo plenamente. Agora, o que não entendo é uma coisa. Numa discussão de jogo, xingamentos vão e vem. A mãe do sujeito é "homenageada", a honra do cidadão é atingida e se alguém chama o rival de preto, é preso na hora.

Quer dizer que toda manifestação depreciativa à dignidade alheia é válida, mas se tocar no fator raça, é imperdoável? Eu acho que o jogador que xinga, o que é comum no calor do jogo entre a maioria dos atletas, deve estar preparado para receber de volta a "gentileza" seja como for. Sou contra o racismo, claro. Só não aceito um atleta se fazer de coitado, após ter também provocado o adversário. Como se ser negro fosse desonra. E se tivesse acontecido o contrário? Se Grafite tivesse chamado Desábato de branco safado? Já no caso de "torcedores" que atiram bananas no campo e coisas deste tipo, aí sim, precisam ser punidos severamente, pois fatos desta natureza não podem ser ignorados.

Os meninos de hoje precisam receber uma educação muito mais presente e repleta de cuidados extras. No meu caso, o bulliying  foi desintegrado devido ao avanço da ortodontia. Bendito aparelho. A lembrança puxa ao longe os apelidos, que eu acabava levando na boa e respondendo na bucha, de acordo com as imperfeições do meliante. Aquelas gentilezas, eu nunca deixei que me atingissem. O meu tempo de criança passou. Hoje a conjuntura é outra. Portanto, o bom é obedecer ao velho conselho que diz: respeite para ser respeitado. Hoje, as crianças aguentam tudo quietas e de repente, invadem escolas descarregando suas raivas acumuladas. Aviso aos navegantes pais: marcação serrada nos filhos, assim o bullyng e o racismo não interromperão futuros gols de placa na vida.

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