A ODISSEIA DO GALO NO BUG DO MILÊNIO.


Eu estava a ouvir pelo rádio. Mergulhando no processo mental de imaginação, pós-audição. Aquilo era inacreditável. Já tinha sido inesperado o resultado do primeiro momento, mas agora no território deles, era bom demais para ser verdade. Corri para o Parque do Povo. Lá havia um telão e nem tanta gente assim. A euforia era contida, pela incredulidade dos olhos. O êxtase era tamanho que a maioria achava que só em enfrentar o inimigo, em igualdade de condições já era um orgulho sem tamanho.

À distância, não dava para ver muita coisa. Só alguns vultos, em meio às vozes que mais uma vez instigavam o emocional. Será que naquela batalha de Davi contra Golias, o resultado bíblico e histórico se repetiria? Por que não? Aquele confronto foi a prova de que o primeiro passo é vencer a si mesmo e o medo. O que vier depois será lucro. O ano era 1999. As esperanças eram inflamadas naquela noite. Será que algo extraordinário aconteceria antes do Bug do Milênio? Ao que parecia, sim. Até que enfim. Alegrias para quem mais necessita. Era o mais fraco se impondo diante do mais forte, sem medo.

Nossos guerreiros tinham nomes desconhecidos, desacreditados e às vezes ridicularizados. Os oponentes eram famosos, ricos e não queriam ter de se esforçar para bater o "frágil" inimigo. Eles tiveram a dura surpresa de receber a agressão ríspida como contato inicial e tiveram de fazer uso da experiência adquirida ao longo de muitas outras batalhas passadas, para, através do controle emocional, desbancar os forasteiros indesejados, que queriam se apossar dos seus suprimentos anuais. E só nos últimos instantes, os guerreiros mais bem preparados, com melhores condições de trabalho, com armaduras mais tradicionais, desbancaram os atrevidos e insistentes gladiadores.

Ufa! Como é difícil falar de futebol, sem aquela linguagem própria. Copa do Brasil 1999. Treze 2x2 Corinthians e o mesmo placar de Campina Grande se repetiu em São Paulo. O Timão de Marcelinho Carioca, Gamarra, Rincón, Vampeta, Edílson, Ricardinho,Dinei, Mirandinha, Fernando Baiano e Evaristo de Macedo, sofreu para eliminar o Treze de Anderson Lima (autor de três gols), Bau, Walnez, Valério, Zé Galego, Wendel, Felinho e Nereu Pinheiro. Só nos pênaltis. Antes, pela Copa do Brasil do mesmo ano, o Treze já havia eliminado o Santa Cruz em Recife. Nos momentos que antecedem o jogo contra o Botafogo-RJ no Almeidão, estas lembranças nos dão esperança de que o Treze possa jogar mais uma vez de igual para igual com um grande e tradicional time brasileiro.

Após o feito grandioso de 2005, em que terminou na quinta colocação na Copa do Brasil, o Galo tenta reeditar os seus bons momentos na competição e esquecer os 2x0 contra o mesmo Corinthians em 2007, a vergonhosa eliminação para o Votoraty em 2010 e os 3x0 diante do São Paulo em 2011. Será que o Treze volta a ser o Galo atrevido da Copa do Brasil de outros tempos? Quem sabe esta nova Odisseia começa no Almeidão e se estende até o Engenhão. Passando esta primeira etapa, ninguém será “Loco” de desprezar o Galo duro pra chuchu. Nem mesmo o Abreu, que já disse que quer a camisa do Treze, seu número de sorte.



























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