BOTAFOGO-RJ X TREZE-PB: SONHAR NÃO CUSTA NADA.


Quem estuda ou já foi figura presente nos bancos de escola, durante alguns anos de sua existência, sabe que a vida de estudante não é nada fácil. São muitas as dificuldades, sacrifícios e um futuro incerto pela frente. Eu mesmo tenho uma vida quase em sua totalidade dedicada aos estudos. Já se vão, só de faculdade, dez anos, praticamente. Foram seis anos em Administração de Empresas e Pública, na UFCG, seis meses cursando Educação Física na UEPB e agora três anos em Comunicação Social, UEPB.


Eu posso ser considerado o Rei do Vestibular. Tenho 100% de aproveitamento. Fiz três e passei em todos. O último, em 2008, foi feito nove anos após o primeiro exame e surpreendentemente a nota foi bem superior à dos tempos de ensino médio. Vestibular é comigo mesmo. Agora, quando o assunto é concurso público, aí já não me garanto. Fiz vários e até agora não obtive êxito. Talvez porque seja necessária uma dedicação muito superior a que é preciso para passar num simples vestibular. Costumo dizer que é preciso ser um pouco louco, para ser aprovado em um concurso público, daqueles bem concorridos.


O lado bom de não se passar em concursos públicos, acreditem, existe. São aqueles dias pós-prova em que alimentamos uma ilusão de que seremos aprovados. Aquela sensação gostosa de poder vislumbrar o prêmio, a conquista, o coroamento de tantos dias de preparação. Não importa que lá no íntimo, saibamos que não fizemos uma boa prova, que poderíamos ter sido melhores. Mas nada importa. Ninguém pode tirar do candidato ao cargo, aqueles dias de esperança jubilosa. E se os concorrentes não tiverem obtido notas tão altas e se esta for a minha vez? E assim os planos vão sendo fecundados na fertilidade de uma mente esperançosa.


É justamente o que muitos estão sentindo nestes momentos que antecedem o jogo Botafogo-RJ x Treze-PB, pela Copa do Brasil, no Engenhão. Será a primeira vez que a equipe paraibana jogará naquele jovem e belo estádio. Todos sabem que será muito difícil para o Galo da Borborema, desbancar o poderoso Botafogo em seus domínios. Aí logo vem a lembrança de 2005, em que o time de Campina Grande fez uma excelente campanha, mas também nos lembramos dos fracassos subsequentes. Assim como o aluno que entrega a prova e não sabe ao certo, se vai tirar um dez, ou um zero, assim será o Treze nesta quarta-feira (21).


Não custa nada sonhar. Pelo menos enquanto a bola não rola, ter o orgulho de representar a Paraíba de igual para igual contra o gigante carioca. O que vier é lucro. Espero que seja um jogo equilibrado e que não necessitemos de um sistema de cotas, para figurar entre os grandes do país. Assim como os estudantes nordestinos, nossos atletas também são capazes de mostrar um bom trabalho. No caso do Alvinegro Serrano, o Campeonato Paraibano é como um vestibular, dá para passar sem muito esforço. Já a Copa do Brasil, é aquele concurso público com a concorrência nas alturas. Só passa se estiver muito bem preparado.


Lembram? Todo concurseiro aprovado tem um pouco de louco e o Botafogo tem o seu Loco Abreu. Não adianta tentar passar na base do chute. Não tem essa de sorte. Só os competentes alcançam os seus objetivos, no futebol e nos estudos. Um pouco de sorte ajuda, claro. Mas para tê-la, primeiro é preciso mostrar competência. Tomara que o Treze possa reviver seus grandes momentos na Copa do Brasil e mostrar que não foi por acaso que Garrincha escolheu a camisa do Galo da Borborema, para jogar algumas partidas já em fim de carreira. Pelo menos, vemos que Botafogo e Treze têm algo em comum: já tiveram em seus elencos um certo gênio de pernas tortas. Se vivo fosse para quem será que Garrincha estaria torcendo esta noite? Aproveitemos, então, estes momentos para sonhar e quem sabe acordarmos, no dia seguinte, com a sensação do dever cumprido.


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